sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Agatha & Filatelia – UGANDA, MICKEY MOUSE e o ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE


O leitor desta blogazine deve estar imaginado:

Mas afinal o que podem a Uganda, o Mickey e o

 Assassinato no Expresso do Oriente ter a ver um com o outro?

Resposta: tudo!



Filmando "Assassinato no Expresso do Oriente"



Em 1996, a Uganda emitiu uma série de selos comemorativos que celebram o requintado trem Expresso do Oriente. Ao mesmo tempo, também são homenageados o simpático camundongo e o mais famoso personagem criado por Walt Disney e sua turma. E, como não poderia deixar de ser, homenagens também são prestadas à Agatha Christie e a uma de suas mais famosas obras: Assassinato no Expresso do Oriente. Afinal, não se pode falar do trem sem aludir ao igualmente famoso livro da Rainha do Crime. 

E assim, temos Mickey, Minnie, Pateta, Pato Donald e Margarida em cenas divertidas no Expresso do Oriente em belos e coloridos selos. 

Obs: para conhecer a história do verdadeiro Expresso do Oriente leia nesta blogazine:

- Seguindo os trilhos do Oriente Express:

- Uma nova viagem no Expresso do Oriente: 



Expresso do Oriente - de Paris a Constantinopla



Diversão no Pullman


O vagão restaurante


De Paris a Atenas



De Londres a Constantinopla via Calais


Bilhete para o Pullman


O corredor do trem


Funcionários acima de qualquer reprimenda


Em 1901, um trem sem freios adentra um buffet na estação de Frankfort.


Em 1929 - passageiros detidos por 5 dias devido à tempestade de neve


Expresso do Oriente - de Paris a Constantinopla


domingo, 25 de janeiro de 2015

Notícias & Novidades - O CASO DOS DEZ NEGRINHOS NO TEATRO BRIGADEIRO - SP


AGATHA CHRISTIE


O CASO DOS DEZ NEGRINHOS 


NO TEATRO BRIGADEIRO - SP







Dez pessoas foram jantar em São Paulo enquanto não chove; 
Uma delas resolveu ir ao Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficaram nove


Nove pessoas entediadas sem dormir: não é biscoito! 
Uma delas foi ao Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficaram oito. 







Oito pessoas passeavam pela rua do Teatro Brigadeiro de charrete.  
Uma delas saltou para assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" -  e então ficaram sete. 



Sete jovens pedalavam pela calçada do Teatro Brigadeiro, mas eis 
Que um deles entrou para assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" -  e então ficaram seis. 






Seis amigas combinaram de ir ao shopping comprar um brinco.  
Uma preferiu ir Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos"- e então ficaram cinco. 


Cinco pessoas à toa próximas ao Teatro Brigadeiro, a tomar os ares.  
Uma entrou para assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficaram dois pares. 






Quatro amigos combinaram de pescar no mar certa vez 
Mas um desistiu e foi pro Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficaram três. 


Três rapazes passeando pelo Zôo. E depois?
A namorada de um o abraçou e o levou ao Teatro Brigadeiro pra assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficaram dois. 






Dois amigos tomando sol no clube, sem medo algum.
Um deles não queria se queimar e foi pro Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e então ficou só um. 


Um jovem aqui está a sós, apenas um;
Ele então foi pro Teatro Brigadeiro assistir "O Caso dos Dez Negrinhos" - e não sobrou nenhum ...






... QUE NÃO ADORASSE A PEÇA!



Vá ao Teatro Brigadeiro assistir “O Caso dos Dez Negrinhos” 

você também!



De 09 de janeiro  a 22 de fevereiro de 2015
Teatro Brigadeiro: Av. Brigadeiro Luís Antonio, nº 884, na Bela Vista, São Paulo.

Telefones: (11) 3115- 2637 / bilheteria: (11) 3107- 5774.






sábado, 24 de janeiro de 2015

Curiosidades - UMA ROSA PARA AGATHA


Toda dama merece ganhar uma rosa. Mas Dame Agatha mereceu um pouco mais: a criação de uma nova rosa especialmente batizada com seu nome.


Agatha Christie e a Rosa Agatha


O lindo soneto 54 de Shakespeare assim descreve a rosa:

Oh, como a beleza parece mais bela
com o doce ornamento que a verdade produz!
A rosa tão bela, mas mais bela a julgamos
Pelo doce aroma que nela seduz.

As rosas silvestres tem a cor tão profunda
Quanto a tintura das rosas perfumadas,
Tem os mesmos espinhos e brincam tão vivamente
Quando o sopro do verão expõe os botões velados;

Mas exibem-se apenas para si mesmas,
Vivem esquecidas e murcham obscuras;
Morrem sozinhas. As doces rosas, não;

De suas doces mortes surgem as mais doces essências.
e assim também a ti, a bela e adorável mocidade,
Fenecido o frescor, revela em versos tua verdade.


COLORAÇÃO ROSADA E FRAGRÂNCIA SUAVE 




Grande apreciadora da obra do bardo inglês, tenho certeza de que Agatha Christie conhecia o doce poema que consegue traduzir com tanta delicadeza a própria delicadeza de uma rosa. E como admiradora de flores e de poesia, sou capaz de apostar que Agatha apreciava o soneto.

Mas o que ela não poderia imaginar é que, um dia, uma floricultura especializada na criação e desenvolvimento de novas espécies de rosas iria conceber uma flor especial e nomeá-la em honra da Rainha do Crime!



UMA LINDA ROSA PARA UMA ESCRITORA QUERIDA





Então, em 1988, em Schleswig-Holstein, Alemanha, nasceu a Rosa Agatha, criada pela W. Kordes’ Söhne (link ao final), a floricultura líder mundial em cultivo e produção de rosas para jardins e buquês. Com vendas anuais de mais de 2 milhões de roseiras, a W. Kordes’ Söhne experimenta o cruzamento entre mais de 50 mil tipos diferentes de rosas, fazendo testes por um período de 8 a 10 anos, até que apenas de 4 a 6 variáveis da flor são consideradas boas o suficiente para produção e venda.

Foi depois deste apurado processo que finalmente surgiu a bela Ramira ®, nome de exibição e marca registrada da Rosa Agatha, que oficialmente é descrita como de coloração rosa e de fragrância suave. Perfeito para combinar com nossa querida Rainha do Crime, Agatha Christie!



ROSA  RAMIRA, ROSA AGATHA




Conheça todos os dados técnicos da Rosa Agatha, conforme o catálogo da floricultura W. Kordes’ Söhne:

SINÔNIMOS:   KORmeita  e  Ramira ®

CLASSIFICAÇÃO HMF (Help Me Find Association – Roses, Clematis and Peonis – Associação Ajude-me a Encontrar - Rosas, Clemtites e Peônias):  57 votos favoráveis. 

DESCRIÇÃO: Trepadeira Mediana Florida de Flor Grande na Coloração Rosa

NOME DE EXIBIÇÃO: Ramira ®

ORIGEM: cultivada por  W. Kordes & Sons (Germany, 1988)

CLASSE: Trepadeira de Flor Grande

FLORÁLIA: Rosa. Fragrância suave. Ocasionalmente repete-se ao final da temporada.

HÁBITO: Trepadeira.

ALTURA: 250 a 455 cm.

LARGURA: 245 cm.

CRESCIMENTO - mapa da zona USDA (United States Department of Agriculture): de 6b a 10b.

PARENTESCO: Desconhecido


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SONNET 54 - Shakespeare

O how much more doth beauty beauteous seem,
By that sweet ornament which truth doth give!
The rose looks fair, but fairer we it deem
For that sweet odour which doth in it live.

The canker-blooms have full as deep a dye
As the perfumed tincture of the roses,
Hang on such thorns and play as wantonly
When summer's breath their masked buds discloses:

But, for their virtue only is their show,
They live unwoo'd and unrespected fade,
Die to themselves. Sweet roses do not so;

Of their sweet deaths are sweetest odours made:
 And so of you, beauteous and lovely youth,
 When that shall fade, my verse distills your truth.


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Links:


W. Kordes' Söhne:  http://www.kordes-rosen.com/



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Poirot: Bigodes & Bengala - A AUTOBIOGRAFIA DE POIROT


Se Hercule Poirot escrevesse uma autobiografia, como ela seria? Anne Hart, a escritora canadence especialista em biografias, se ocupou em responder esta pergunta escrevendo uma autobiografia do famoso detetive belga criado por Agatha Christie:


David Suchet como Hercule Poirot


Por: Anne Hart


Hercule Poirot: MINHA AUTOBIOGRAFIA


Poirot enviou esta carta ao editor norte-americano de Agatha Christie em 1936:

Comecei a trabalhar como membro da força policial em Bruxelas no caso Abercrombie Forger em 1904, e, por muitos anos, tive orgulho de ser um membro do serviço de investigação em minha Bélgica natal. Desde o encerramento da guerra, como sabem, em tenho vivido em Londres, dividindo a moradia por vezes com mon ami vieux Hastings ...


Whitehaven Mansions


Eu me estabeleci como um detetive particular em Londres ... Em junho do ano passado eu me instalei em um dos mais novos tipos de serviço de flat em Londres, Whitehaven Mansions, cujo edifício em particular que eu escolhi inteiramente por conta de sua aparência estritamente geométrico e proporcional ...

Eu tenho minhas pequenas particularidades. Qualquer coisa minimamente torta ou desordenada é um tormento para mim. Em minha estante, eu organizo o livro mais alto ao final; em seguida, o próximo mais alto, e assim por diante. Meus frascos de medicamentos são colocados em uma fila ordenada por tamanho. Se sua gravata não estiver correta, eu torna-me irresistível não ajeitá-la para você ...

Ordem e método são meus deuses. Para o meu café da manhã, eu como torradas, que são cortadas em quadrados pequenos e exatos. Os ovos - deve haver dois - eles devem ser idênticos em tamanho ...


David Suchet como Hercule Poirot


Eu tenho 1,62cm de altura. Minha cabeça, que é em forma de ovo,  eu costumo incliná-la um pouco para um lado, o esquerdo. Meus olhos, segundo me disseram, brilham na cor verde quando estou animado. Minhas botas são de couro legítimo, elegantes e brilhantes. Minha bengala possui uma extremidade em ouro. Meu relógio é grande e mostra as horas com exatidão. Meu bigode é o mais refinado em toda a Londres ...

Eu mesmo nutro um certo desdém pelas evidências tangíveis. Eu prefiro simplesmente me sentar aqui e pensar - o que mon ami Hastings chamou de "dando trabalho às pequenas células cinzentas". Eu organizo os fatos cuidadosamente cada um em seu lugar correto ...


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sábado, 10 de janeiro de 2015

PERSONAGENS que também AMAMOS - A CULPA NÃO É DO MORDOMO!


GEORGE, O VALETE DE POIROT



David Yelland como George e David Suchet como Poirot


Por volta de 1937, Hercule Poirot se muda de seu antigo apartamento para outro redecorado no mesmo prédio, parecendo novinho em folha, conforme ficamos sabendo em Cartas na Mesa. 

Poirot fica satisfeitíssimo com a reestruturação pela qual o prédio passou, com alterações significativas (Os Relógios). 

Miss Lemon, por sua vez, que havia se desapontado com o sistema de arquivamento existente, o qual considerava desordenado (Treze à Mesa), se aposenta ou pede demissão, porém, não antes de construir uma mini-versão de seu próprio sistema para o novo escritório da Poirot como um presente de despedida

Em consequência da saída de Miss Lemon, Poirot contrata um valete de nome George (Seguindo a Correnteza), que vai acompanhá-lo quase até o fim, uma vez que em Cai o Pano, última aventura de Poirot, ficamos sabendo que George teve que ir ao encontro de um parente adoentado.

E assim dá-se início a uma longa relação de .... amizade? Talvez. De companheirismo? Pode-se dizer que sim. De trabalho dedicado e fiel. Esta, sem dúvidas!



COMPETENTE, ESNOBE, SEM IMAGINAÇÃO



David Yelland como George



Nos livros escritos por Agatha Christie, ao papel de George é dada muito menos importância do que aconteceu na já clássica série de TV britânica Poirot. Graças aos produtores da série, George, ou Georges, como lhe chama Poirot, finalmente ganhou um rosto no imaginário dos fãs, através da ótima interpretação do ator David Yelland.

Todavia, tanto nos livros como na série, George aça se tornando um personagem contrastante com o simpático e às vezes ingênuo Capitão Hastings, o fiel amigo de Poirot.

George é geralmente considerado como um valete inglês clássico, um mordomo competentíssimo:

Encontrou o imperturbável George a passar calças a ferro. (O Mistério do Trem Azul)


... um esnobe incorrigível, com alto senso de divisão das classes sociais e grande conhecimento da aristocracia:

- Creio, George, que tens bons conhecimentos da aristocracia inglesa? - perguntou-lhe.
- Creio que posso responder que sim, monsieur – murmurou George, como se pedisse desculpa desses conhecimentos.


... além de ser inteiramente desprovido de imaginação!

- O esquilo, meu bom George, armazena nozes. Se quisermos que a humanidade valha alguma coisa, meu amigo, devemos aproveitar as lições que nos dão as criaturas que nos são inferiores no reino animal.
Eu fui também, meu bom George, esquilo. Armazenei fatozinho aqui, fatozinho ali... e agora vou ao “armazém” e retiro determinada noz, uma noz que guardei...  Compreende-me, George?
- Nunca pensei, senhor, que as nozes se conservassem durante tanto tempo, embora saiba que se conseguem maravilhas no campo das conservas...
Poirot olhou-o e sorriu.



INTENSAMENTE INGLÊS

...MAS, O QUE ISSO QUER DIZER?



David Yelland como George



Ao descrever George, assim o define Agatha Christie:

George era um indivíduo de rosto insípido, intensamente inglês. (O Mistério do Trem Azul)

Mas o que isso quer dizer exatamente?

Talvez intensamente inglês queira dizer que George não era dado a muita conversa e, com toda certeza, menos ainda a intimidades com seu patrão, não importa por quanto tempo tenham trabalhado juntos ou que tipo de situações tenham vivenciado.

Quaisquer palavras que pudessem ser substituídas por certo tipo de olhar, uma tossidinha ou um limpar de garganta oportuno poderiam ser consideradas como um excesso.

- Suponho que já lhe disseste que estou ocupado com um assunto importante e que não posso ser incomodado, não é verdade?
George voltou a tossicar.
- Declarou-me que viera da província propositadamente para falar-lhe e que não se importava de esperar. (Seguindo a Correnteza)


E mesmo as palavras ditas pelo valete eram cuidadosamente escolhidas ou carregadas de alguma inflexão que poderia significar um discurso inteiro.
Ah, e havia também as pausas. Sim, porque uma pausa colocada em um determinado lugar no meio das raras palavras poderia ter o valor de mil frases.

O criado não comentou a observação e, após pausa conveniente, perguntou:
- O paletó castanho, senhor? Está um ventinho fresco... (O Mistério do Trem Azul)



DESCREVENDO OS FATOS COM  PRECISÃO


Talvez, intensamente inglês refere-se ao seu oficio de mordomo, no qual se inclui servir a seu senhor da melhor maneira possível. E, no caso de Poirot, a ordem, o método e a precisão são requisitos indispensáveis a qualquer um que trabalhe consigo.

Haja vista o fato de Poirot confiar plenamente na alta capacidade de George descrever uma pessoa, da forma mais precisa possível.

Seu criado George se aproximou e murmurou deferentemente:
- Está lá fora uma senhora que deseja falar-lhe.
- Que espécie de senhora? informou-se prudentemente Poirot, que apreciava sempre a meticulosa precisão das descrições de George.  (Seguindo a Correnteza)



UM OUVINTE LEAL



David Suchet como Poirot e David Yelland como George


Talvez ainda, intensamente inglês queira dizer que George sabia perfeitamente como se portar dentro do papel de leal ouvinte e comentarista coerente.

- Um dia agradável, George, um pouco fatigante, mas não sem interesse.
George ouviu o comentário com a habitual cara de pau.
- Ainda bem, senhor. (O Mistério do Trem Azul)

Sim, porque a lealdade de George para com seu senhor estava acima de qualquer suspeita. Isso se refletia no hábito de Poirot de discutir alguns pormenores de seus casos com seu valete. E os comentários de George não raro eram bem apreciados por Poirot.

- A personalidade de um criminoso é interessante, George. Há muitos criminosos que possuem grande encanto pessoal.
- Sempre ouvi dizer que o doutor Crippen era um cavalheiro de falas agradáveis, e no entanto cortou a mulher aos bocadinhos.
- Os teus exemplos são sempre edificantes, George.



É SEMPRE BOM SABER O PORQUÊ DAS COISAS


O fato é que George, por mais intensamente inglês que seja, e Poirot, por mais belga que seja, desenvolveram uma relação de lealdade e admiração mútuas. Da parte de Poirot, admiração com um tom de curiosidade:

- Tens uma grande experiência, George - comentou Poirot. - Às vezes admiro-me de que, depois de viveres tão exclusivamente com famílias titulares, tenhas descido a ser meu criado... Atribuo-o a amor da aventura da tua parte... (O Mistério do Trem Azul)


Da parte de George, admiração com ares de esnobismo:

- Não se trata exatamente disso, senhor – esclareceu George. - Por acaso lera nas Crônicas Sociais que monsieur fora recebido no Palácio de Buckingham, e como andava a procurar novo emprego... As notícias diziam que Sua Majestade fora muito bondosa e cordial consigo e tinha em grande conta a sua competência...


E o que melhor poderia definir uma verdadeira amizade do que ser uma relação de lealdade e admiração mutuas? Cada um a sua maneira, George e Poirot tornaram-se mesmo dois grandes e bons amigos. Afinal, como conclui Poirot:


- É sempre agradável saber o porquê das coisas - comentou o detetive.