quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

AGATHA & HISTÓRIA - A Importância do Cel. Archibald Christie


Quem foi Archibald Christie, o 1º marido de Agatha Christie e pai de sua única filha, Rosalind?


Archibald Christie em 1915


Não sei quanto a vocês, mas à medida que fui conhecendo a história de Agatha Christie e gostando dela, eu fui também paralelamente desenvolvendo uma – eh, como direi – antipatia pelo Coronel Archibald Christie, seu primeiro marido. Será que sou a única?

Todavia, a verdade é que Archie Christie teve seu valor na vida de Agatha – e não estou falando apenas por ter-lhe dado o sobrenome com o qual ela se tornou mundialmente famosa, ou de ser o pai de sua única filha, Rosalind. A própria Agatha reconhece sua importância na Autobiografia. Sendo assim, por que, então, nós não podemos ser só um pouquinho compreensivos com ele?


AFINAL, QUEM FOI ARCHIBALD CHRISTIE?



Grand Hotel, em Torquay, Riviera Inglesa, onde Agatha e Archie passaram a lua de mel.


Um homem alto, de cabelos louros e encaracolados, com um nariz bastante interessante, voltado para cima, não para baixo, e uma grande dose de autoconfiança descuidadaassim descreve Agatha Christie o jovem Archibald, um oficial bem arrojado da Royal Flying Corps. Archie e Agatha se conheceram em um baile para os jovens do exército estacionados em Exeter, e, é claro, dançaram várias vezes e se divertiram muito no baile.

Eles se viram diversas vezes depois disso, e, após alguns meses, se casaram em dezembro de 1914, na véspera de Natal. Porém, pouco depois ele teve que ir para a França a serviço e Agatha ficou em sua casa em Torquay, juntando-se ao Volunteer Aid Detachment e trabalhando como voluntária de guerra no dispensário do hospital.



CASADA  E  FELIZ


Agatha Christie e sua filha Rosalind


Algum tempo depois, em 1919, nasceu Rosalind, sua filha. Agatha dizia que o marido era louco por Rosalind, e que os dois pareciam se entender melhor do que Agatha e a filha.

Por ocasião da publicação de seu segundo livro, O Inimigo Secreto, em 1922, Archie estava trabalhando em uma firma em Londres e os livros publicados por Agatha começavam a fazer sucesso. O casal vivia então uma vida boa e harmoniosa. Agatha se descreve neste período como casada e feliz.



VIAJANDO  PELO  MUNDO


Archie e Agatha em viajem pelo Havaí


Em 1924, Archie recebeu um convite de seu ex-professor, o Major Belcher, então diretor do British Empire Mission, para viajar a diversos países como seu gerente de negócios. Foi então que o casal Christie embarcou numa viagem de 10 meses pelo mundo, passando pelo Canadá, Havaí, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul.

Foi uma das coisas mais excitantes que jamais aconteceu comigo, disse Agatha sobre esta viagem. Ela aprendeu a surfar no Havaí, vivenciou os costumes locais e exóticos da Oceania e da África, conheceu dezenas de pessoas interessantes e locais inesquecíveis. De fato, os dois se divertiram muito nesta época!



A  STYLES  PARTICULAR  DE  AGATHA



casa de Agatha e Archie - batizada como Styles


Em 1925, eles compraram sua primeira casa, a qual deram o nome de Styles House, é claro, em homenagem à casa de seu 1º livro. O que mais agradou a Archie foi que a casa localizava-se próxima a um campo de golfe, o East Croydon

Ambos gostavam muito de jogar golfe, e Agatha chegou a ganhar uma competição certa vez, embora se descrevesse como menos apreciadora do jogo que seu marido. Seu livro Assassinato em um Campo de Golfe, publicado em 1923, traz a seguinte dedicatória feita a Archie: Para meu marido, um grande entusiasta das estórias de detetive, e com quem eu estou em divida por tanta ajuda com conselhos e criticas.



GOLFE – JOGO  OU  RELIGIÃO?





O golfe era religiosamente praticado por Archie nos finais de semana. Agatha chegou a comentar sobre a obsessão do marido dizendo que ele a levava tão a sério que poderia ter sido sua religião. Ela começou a achar que Archie se interessava mais pelo jogo do que pela família, e a paixão do marido pelo glofe a perturbava.

O relacionamento do casal estava começando a ser abalado, e o golfe recebeu boa parcela da culpa.



DESENTENDIMENTOS,  VIAGEM, DOENÇA  EM  FAMÍLIA


Clarissa Miller, a mãe de Agatha Christie

Agatha viajou para a Córsega sem Archie a fim de pensar e de se afastar daquela atmosfera de animosidade entre o casal. Mas sua mãe, Clara, ficou gravemente doente com bronquite e Agatha voltou para ficar ao lado da mãe até seu falecimento, pouco tempo depois.

Mas Archie, como descreveu Agatha, detestava doenças, mortes e problemas, e preferiu não participar em nada da enfermidade ou dos cuidados com a sogra, deixando Agatha sozinha cuidando da mãe doente. Ele chegou a sugerir que todos viajassem para a Espanha, mas Agatha se recusou a ir e Archie ficou em Londres.



AMOR: QUE SEJA ETERNO ENQUANTO DURE


Agatha e Archibald Christie



É por causa da atitude de Archie por ocasião da doença e morte de Clara, a mãe de Agatha, reforçada pelo próprio relato de Agatha na Autobiografia, que eu – e imagino que muitas outras pessoas – antipatizamos com Archie. 

É claro que nossa antipatia é proporcional ao nosso amor por Agatha Christie. Mas o fato é que, por um bom período de tempo, Archie Christie fez nossa querida Agatha feliz. E, no final das contas, é isso que importa, não é mesmo? Afinal, ninguém é perfeito! 


sábado, 21 de fevereiro de 2015

MISS MARPLE: CHÁ & BOLINHOS - O QUE MAIS SABEMOS DA VIDA DE MISS MARPLE?


Estudos na Itália, viagem à França na juventude, nunca trabalhou: alguns detalhes sobre a vida de Miss Marple


Joan Hickson como Miss Marple


Como sabemos, Miss Marple já nasceu velha. Assim a descreve Agatha Christie em sua primeira estória, Assassinato na Casa do Pastor:

Miss Marple é uma senhora idosa, de cabelos brancos, muito suave e simpática.

Ocorre que, na vida real, especialmente quando somos muito jovens, tendemos a achar, mesmo que inconscientemente, que as pessoas mais velhas sempre foram assim – velhas!  E Miss Marple sabe muito bem disso:

- A senhora foi colega de vovó, não é? Parece tão estranho.
Miss  Marple  sabia  muito  bem  o  que  ela  queria  dizer.  A  juventude  acha esquisitíssimo  que  a  velhice  possa  ter  sido  jovem,  usado tranças  e  lutado  com decimais e literatura inglesa. (Um Passe de Mágica)



HUMANIZANDO  MISS  MARPLE


Julia McKenzie como Miss Marple


Porém, à medida que Miss Marple ficou famosa e mais e mais estórias com suas aventuras foram sendo escritas, Agatha Christie foi aos poucos dando umas pistas aqui e outras informações ali sobre o passado da simpática velhinha detetive. Informações sobre sua vida, lembranças de coisas que lhe aconteceram, pessoas que conheceu, seus familiares: tudo isso foi humanizando a personagem e lhe dando um ar de veracidade.

É claro que Miss Marple não morou sempre em St. Mary Mead. Então, o que mais sabemos sobre sua vida antes da pacata vila no interior da Inglaterra? Vejamos:


1- OS ESTUDOS



Geraldine McEwan como Miss Marple


Miss Marple teve uma educação primorosa. Terminou os estudos em um colégio para moças na Itália, onde fez amizade com as então jovens americanas Ruth Van Rydock e Caroline "Carrie" Louise Serrocold, e chegou a fazer cursos de arte e de anatomia humana:

- Estou preocupada, Jane. Com Carrie Louise.
- Carrie Louise? - repetiu Miss Marple, pensativa.
Aquele  nome  lembrava-lhe  um  passado  já  remoto.  O  pensionato  em Florença.  Ela,  a  corada  moça  inglesa  de  cidade  do  interior.  As  duas  irmãs  Martin, americanas, tão estimulantes devido à maneira pitoresca de falar, o comportamento franco,  cheias  de  vitalidade.  Ruth,  alta,  impetuosa,  interessada  por  tudo;  Carrie  Louise, baixinha, elegante, calada. (Um Passe de Mágica)



2- VIAGEM PELA EUROPA



Judy Farr como Miss Marple


Mesmo não pertencendo a uma família da aristocracia, Miss Marple não apenas estudou na Europa, mas também viajou por lá.

—  Lembro-me  —  disse  Miss  Marple  afastando-se  do  seu  tema
principal  de  maneira característica — lembro-me de uma viagem que fiz a Paris, com minha mãe e minha avó, e de que fomos tomar chá no Hotel  Elysée.  (O Caso do Hotel Bertam)




3-  MOÇA DE FAMÍLIA  NÃO TRABALHA



Joan Hickson como Miss Marple


Miss Marple nunca trabalhou, como convinha a uma boa moça de família respeitável. Apesar de nunca ter se casado – e assim ter tido um marido para sustentá-la – Miss Marple não tem dificuldades financeiras, e ainda conta com seu sobrinho Raymond West para ajudá-la:

Fora  tão  gentil  o  querido  Raymond  –  estava  pensando  ela  com  gratidão, realmente fora tanta bondade. (...) Raymond  West  era  um  novelista  de  sucesso  e  ganhava  bastante  bem,  e

consciente e bondosamente fazia o que estava a seu alcance para alegrar a vida de sua velha  tia. (...)

E assim lá estava ela, pensou Jane Marple, longe dos rigores do clima inglês, com  um  lindo  bangalô  a  sua  disposição,  e  sorridentes empregadinhas  nativas  para servi-la. (Mistério no Caribe)



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

RÁPIDOS FATOS - O COCKTAIL AGATHA CHRISTIE: TIN, TIN!


Cheers ao drink Agatha Christie, criado especialmente para ser servido a bordo do famoso trem Expresso do Oriente!






O famoso trem Expresso do Oriente nunca para de me surpreender com alguma novidade – e, consequentemente, de render artigos para esta blogazine.

Assisti recentemente na TV o divertido Jonathan Phang em seu programa:  Jonathan Phnag’s Gourmet Trains, no episódio em que viajou pelo Simplon Orient Express, mostrando tudo, desde sua cabine até o interior da cozinha, os elegantes jantares a bordo, e, é claro, o bar do Simplon Orient Express e seu famoso barman, criador de drinks premiados.







Eis que Jonathan Phnag pede o famoso drink Agatha Christie, nos contando que ele é feito de 12 ingredientes secretos, os quais representam  os 12 suspeitos de seu famoso livro Assassinato no Expresso do Oriente.

Hum. Fui verificar se havia mesmo somente 12 suspeitos na estória. Lamento informar que não – há mais que 12! Porém, sim, o drink Agatha Christie é o cocktail mais vendido no trem, levando sua assinatura, e é preparado com 12 ingredientes secretos, 1 proveniente de cada um dos 12 países por onde o trem passa em sua viagem de Paris a Istambul. 

E, é claro, foi batizado em homenagem à famosa escritora, cuja obra Assassinato no Expresso do Oriente, considerado um dos melhores livros de todos os tempos, muito contribui para divulgar o glamour dos velhos e áureos tempos em que o trem atingiu o ápice de sua fama. Saúde!







**************************


LINKS:

drinks no trem:





sábado, 14 de fevereiro de 2015

Poirot: Bigodes & Bengala - POIROT pelo CONDADO de CUMBRIA, INGLATERRA


 NA FRONTEIRA COM A ESCÓCIA: 

A BELÍSSIMA E GELADA CUMBRIA



Vista do Lago Windermere, Cumbria, Inglaterra


Desde a apresentação de seu 1º episódio, em 8 de janiero de 1989, a série inglesa de TV Agatha Christie’s Poirot vem trilhando um caminho de sucessos, prêmios e reconhecimento de público e de crítica, que começou com A Aventura da Cozinheira de Clapham, um dos contos de Os Primeiros Casos de Poirot (1974), e terminou com o episódio Cai o Pano, exibido em 13 de novembro de 2013. Eu disse terminou? Bem, o episódio final pode até ter sido exibido, mas o sucesso da super bem produzida série não parece estar próximo do fim, tamanha a repercussão que ainda causa em todo o mundo nos admiradores da obra da Rainha do Crime e de seu mais famoso detetive.


Neste 3º artigo sobre as locações utilizadas na produção dos episódio, veremos alguns das belas paisagens do condado de Cumbria, ao norte da Inglaterra, que fizeram parte de Dumb Witness, ou Poirot perde uma cliente, que foi ao ar pela primeira vez em 16 de março de 1996, como o 6º episódio da 5ª temporada. 





Entrada do Clube de Regatas Náuticas Windermere e de Broad Leys, onde a tentativa de quebra do recorde de velocidade aquática ocorre.





A Broad Leys do episódio



A Broad Leys do episódio



Vista do cais de Broad Leys




Fachada da loja Joules, em Keswick, cujo interior foi usado como uma casa de chá.


Loja Joules, em Keswick, usada como uma casa de chá.



Residencia do Bispo, que foi usada como a casa do Dr. Tanio.



Igreja de St. John's Church, usada para o funeral de Emily Arundel




Centro de Keswick, Cumbria



Antiga Delegacia de Polícia Hawkshead, onde a investigação ocorre.


Poirot e Hastings viajam até a estação de trem do Lago Windermere.



Estação de trem do Lago Windermere



Poirot e Hastings pegam um barco para prosseguir viagem.




sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

PERSONAGENS que também AMAMOS - ARIADNE CONTA TUDO (parte 2) sobre ASSASSINATOS, ASSASSINOS e suas VÍTIMAS


Muitos estudiosos acreditam que, através das falas de sua personagem Ariadne Oliver - a também escritora de romances policiais - Agatha Christie ia nos revelando suas próprias ideias sobre temas da vida e do ofício de escritora. Hum...


Caricatura de Agatha Christie



ARIADNE  CONTA  TUDO  (parte 2) 


Através das falas de Ariadne Oliver podemos obter algumas das mais divertidas e/ou irônicas tiradas escritas por Agatha Christie. Mas não é só isso...

O fato é que a personagem de Mrs. Oliver fala sobre o que sabe, sobre suas experiencias. E o que ela sabe e vivencia? Bem, Ariadne Oliver é uma famosa escritora inglesa de livros de crime e mistério, adoradora de maçãs e criadora de um detetive estrangeiro e meio excêntrico, também muito famoso e dono de uma legião de fãs. Lembra alguém? Claro: a própria Agatha Christie! Ou seja, muita coincidência. Hum...

Com base nisso, muitos estudiosos acreditam que Agatha Christie transmitia suas próprias ideias através da personagem Mrs. Oliver. Dá o que pensar, não é mesmo? Abaixo estão algumas dessas falas de Ariadne Oliver. Tirem suas próprias conclusões!


* Na parte 1 da série Ariadne conta tudo: 

As possíveis ideias de Agatha Christie sobre A ÁRDUA ARTE DE ESCREVER 

 http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2014/09/o-metodo-christie-as-confissoes-veladas.html




O que (possivelmente) Agatha Christie pensava sobre...


ASSASSINOS,  ASSASSINATOS  E SUAS  VÍTIMAS


Zoe Wannamaker como Ariadne Oliver


Os homens são assassinados e ninguém se importa quero dizer, ninguém a não ser suas mulheres e namoradas e filhos, gente assim. 
Ariadne Oliver em A Extravagância do morto


Eu  não  acho possível uma pessoa cometer um crime e não ser preso. Em minha opinião, assim que se comete um crime todas as pistas apontam para o culpado. 
Ariadne Oliver em O Cavalo Amarelo


Para começar, não é natural que cinco ou seis pessoas estejam no local do crime quando B é assassinado; além do mais, para o cúmulo das coincidências, todas essas pessoas têm um motivo para querer eliminar B... a não ser que B seja um homem tão desagradável que qualquer um gostaria de se ver livre dele...  mas  neste  caso ninguém vai  se  preocupar  em  achar  o assassino e sim soltar um profundo suspiro de alívio. 
Ariadne Oliver em O Cavalo Amarelo


 —  A  parte  do assassinato é fácil, o difícil é encobrir as pistas. O culpado passa a brilhar que nem gás néon. 
Ariadne Oliver em O Cavalo Amarelo


Zoe Wannamaker como Ariadne Oliver


Sua  última  obra-prima  vai chamar-se Morte por Sugestão?
— De jeito algum. Sou fã do arsênico e do veneno contra ratos. Ou uma boa faca. Não simpatizo com revólver, porque as armas de fogo são geralmente imprevisíveis. 
Ariadne Oliver em O Cavalo Amarelo


 — Minhas estórias só têm crimes normais — desculpou-se a
Sra. Oliver, como uma cozinheira que só faz bem um tipo de prato.
— Limito-me a falar de pessoas que querem afastar seus inimigos
e tentam fazê-lo de uma forma inteligente 
Ariadne Oliver em O Cavalo Amarelo



 "O  que  realmente  importa  é  uma  porção  de  cadáveres!  Quando  a coisa  começa  a  ficar  enfadonha,  um  pouco  de  sangue  anima  tudo. Alguém  está  prestes  a  revelar  uma  coisa...  e  aí  morre  primeiro!  
Ariadne Oliver em Cartas na mesa