quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Curiosidades - DESCANSEM EM PAZ, QUERIDAS OBRAS DE AGATHA CHRISTIE








ADEUS, AGATHA.  
E FECHE A PORTA ANTES DE SAIR


Nos dias de hoje, “onde, em uma sociedade de tantas e vastas escolhas, poderá haver um lugar para Agatha Christie?”

Esta é a pergunta que William Friend, jornalista e crítico, faz em seu artigo intitulado: Que descansem em paz, obras de Agatha Christie.

Mas será mesmo?!

Traçando um paralelo entre a escritora e os tempos atuais, o autor analisa a relevância de sua obra diante da avalanche de possibilidades que a era contemporânea nos oferece. 

É um texto bem instigante! E, calma: no final, tudo se resolve... Se você é fã de Agatha Christie, então este é um artigo vale a pena ser lido!



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Que descansem em paz, obras de Agatha Christie

William Friend


Irrelevante.  Antigo.  Morto.


Estes são apenas alguns adjetivos os quais o artigo que se segue irá utilizar para definir as obras de Agatha Christie. Eles podem fazer seu sangue ferver temporariamente – mas espero que você seja fan o suficiente para ficar escandalizado diante do fato de alguém ter a audácia de escrever algo assim, e que avance na leitura para que o artigo possa se explicar.

 


“Ela verdadeiramente mereceu o título de Rainha não oficial do Crime.”


Em 1920, The Mysterious Affair at Styles foi publicado e o gênero do crime nunca mais foi o mesmo. Com a introdução sem o menor esforço de padrões literários aos quais hoje nos referimos como “clichés”  e com a adição à literatura britânica de alguns dos melhores mistérios já escritos, Agatha Christie, ninguém pode negar, verdadeiramente mereceu o título de Rainha não oficial do Crime.

Mas, infelizmente, seu reinado está agora chegando ao fim. Os tempos estão mudando –  na verdade, eles já mudaram.


Longe se vão os dias quando as pessoas liam por prazer, para escapar, para imaginar.



“Onde, em uma sociedade com tão vastas escolhas, pode possivelmente haver um lugar para Agatha Christie?”


Bem-vindo ao século 21: uma era maçante, cinzenta, na qual as pessoas são monossilábicas, os livros são geralmente considerados como contendo palavras demais para valer a pena serem atualizados, e a autobiografia de David Beckham é considerada pelas massas como  uma “leitura desafiadora" (apenas preste a atenção na palavra de sete letras!).


Os livros, hoje em dia, são apenas um dos muitos, muitos meios que fornecem nosso entretenimento.


Então, onde, em uma sociedade com tão vasta escolha, pode possivelmente haver um lugar para Agatha Christie? O escritor de mistério, o contador de histórias curiosas, ambientadas em aldeias inglesas sonolentas, onde quase nada acontece, até que, é claro, um morador aparentemente normal enlouquece e mata alguem com sucesso, aparentemente, sem ter tido qualquer motivo para cometer o assassinato.

Histórias  de “pessoas de classe alta”, que perdem a cabeça com tal discrição e tranquilidade que só pode ser percebido pelo pequeno e peculiar detetive  que se senta sozinho no canto e em quem ninguém  realmente prestou muita atenção. Onde está a relevância disso?



“Não se esqueça de fechar a porta do teatro assim que sair do gênero do crime para sempre.


A Senhora Christie poderia ter sido um gênio, mas ela é uma pessoa que muito bem e verdadeiramente teve os seus dias. “Adeus, Agatha", é hora de dizer tragicamente, soprando a poeira de seus livros, “e não se esqueça de fechar as portas do teatro, assim que sair do gênero crime para sempre.”

Ok, isso é um pouco sombrio. Mas, talvez, parte de você pode ver aonde eu quero chegar: a literatura policial do século 20 é considerada agora algo dócil.


Por outro lado, o drama criminal moderno – bem, isso é algo totalmente diferente! Certamente é só nos dias atuais que podemos encontrar enredos que valham a pena acompanhar. Histórias que são sucintas, sensacionais e gratificantes, com personagens atuais e emocionantes com quem podemos nos conectar! Sr. X, um defensor endurecido de sangue, violência e provocar a consciência do público para "as duras realidades da vida" e "os horrores do mundo em que vivemos", certamente pensa assim. Na verdade, ele é um da “nova geração” que só lê informações digitais e acha que My Side, do Sr. Beckham é um livro “muito bacana”. 



“Christie, Bobagem!”


 “Christie, Bobagem!” ele ri, olhando para o Sr. Y com reprovação e achando-o de mentalidade estreita irritante. “Afinal de contas, com um balde cheio de tiros gráficos mortais, revelações sexuais sórdidas, aplicações complexas de evoluções forenses obscuras cobertas com uma pitada de injustiças na sala de tribunal que vão fazer com que você perca toda a fé na lei, o que há para não gostar sobre moderno drama criminal?”
 
"Muita coisa." – responde o Sr. Y, mostrando sua cópia de O Caso dos Dez Negrinhos –  “E isso é apenas a ponta do iceberg."









“A única coisa morta nos livros de Agatha Christie são suas vítimas.”
 

Agora, (tendo ofendido sem súvidas a maioria dos fãs de Christie, os fãs do drama criminal moderno e os leitores ávidos de David Beckham), provavelmente seria um bom momento para dizer que ele sou eu. Eu sou o Sr. Y. 
 
Não me desagrada o drama policial moderno, na verdade gosto muito dele – mas eu não acho que é perfeito também. Da mesma forma, enquanto é minha humilde opinião que os livros de Christie têm sua parcela de falhas, eu ainda os considero uma alegria absoluta de se ler. 

Mais ainda, eu considero meu dever pessoal, devido a todo o prazer que eles me proporcionaram, espalhar essa opinião amplamente e de forma o mais enfática o possível. Para que, enquanto as pessoas escolham seus livros para ler, a única coisa "morta" neles sejam as vítimas.



“A maldade da natureza humana é algo que nunca vai mudar.”


Os fãs de hoje ainda conseguem se relacionar com os personagens (tão reais e tão atuais como sempre foram, porque – vamos encarar os fatos – a maldade da natureza humana é algo que nunca vai mudar). 


Eles ainda podem meditar sobre as questões (sejam elas vingança, rerenção ou simplesmente justiça – uma idéia a qual Christie levou muito a sério, na verdade) e eles ainda podem, oitenta anos depois, ser cativados por aquele caso muito misterioso em Styles ... 



“Porque sim: Agatha Christie fez certo.”


Por quê? Porque, sim: Agatha Christie fez certo. Seus enredos foram engenhosos e cheios de imaginação; ainda tão sensacionais como o horror do drama criminal de hoje, apenas de uma forma muito mais modesta. 


Mas ela fez mais do que isso, como meu parágrafo de abertura observou. Ela moldou o gênero com seu trabalho, cuja influência ainda pode ser vista em nossas telas de hoje. Com as reviravoltas de cair o queixo, revelações de choque e detetives peculiares, sua literatura permanece exatamente como sempre foi:

Relevante. Moderna. Viva.

5 de janeiro de 2009



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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Entre Aspas - QUANDO AGATHA CONHECEU O PRÍNCIPE EDDY DA INGLATERRA





Príncipe Edward VIII da Inglaterra



“Fui para a cama alimentando o sonho de, um dia, casar com o príncipe Eddy.”

Agatha Christie



Ah, o amor! Em especial o amor romântico e inocente no coraçãozinho de uma menina de 6 anos.

Agatha Christie teve a chance de conhecer o jovem príncipe Eddy – Príncipe Edward VIII, o filho mais velho do Rei George V e da Rainha Mary – e, é claro, se apaixonou por ele. Chegou a imaginar modos fantásticos de conhecê-lo, típicos dos mais irreais romances de aventura, no qual ela lhe salvava a vida e, assim, recebia o consentimento para se casar com ele. É o que ela nos conta no trecho da Autobiografia que destaco hoje.

A propósito, o príncipe Edward foi aquele que reinou de janeiro a dezembro de 1936, e abdicou do trono justamente por amor! Quem assumiu o trono foi seu irmão, George VI, o pai da Rainha Elizabeth e portanto o avô do Príncipe Charles e bisavô do Príncipe William.




O Príncipe Edward com sua amanda Wallis Simpson



Mas, lá no passado, o romântico Príncipe Eddy de Agatha Christie abdicou do trono porque quis se casar com a norte-americana Wallis Simpson (a mulher mais sortuda do mundo!), contrariando as regras da monarquia e as convenções sociais. Acontece que sua amada não apenas era uma plebeia de outra nacionalidade, mas era divorciada do 1º casamento e estava ainda em processo de divórcio do 2º. Mas o apaixonado príncipe não desistiu dela – desistiu, isso sim, de um reino inteiro por ela!

Ah, o amor...



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[excerto da Autobiografia de Agatha Christie]
 

Não foi em Manchester que vi pantomimas pela primeira vez. Foi no Drury Lane, aonde vovó me levou. Dan Leno fazia Mamãe- Ganso. Ainda me lembro muito bem dessa pantomima.



Passadas algumas semanas, eu ainda sonhava com Dan Leno. Achava-o a pessoa mais maravilhosa que jamais vira. E, na noite em que o vi representar, sucedeu um incidente interessante. 




Príncipe Edward VIII quando criança



Os dois principezinhos estavam assistindo à pantomima no camarote real. O príncipe Eddy*, como lhe chamávamos, deixou cair seu programa e o binóculo de teatro. Caíram na platéia, pertinho de nossos lugares e — oh!, delícia — não foi o camareiro, mas o próprio príncipe Eddy que veio apanhá-los, pedindo desculpas, muito cortês, e dizendo que esperava não ter machucado ninguém.

Nessa noite, fui para a cama alimentando o sonho de, um dia, casar com o príncipe Eddy. Primeiro, talvez pudesse salvar-lhe a vida, quando estivesse se afogando... A rainha, reconhecida, daria seu real consentimento.



 
Príncipe Edward VIII jovem


 Ou talvez acontecesse um acidente — o príncipe estaria se esvaindo em sangue e eu daria o meu para uma transfusão. Então, eu seria feita condessa — como a condessa Torby —, e o príncipe faria um casamento morganático. Mesmo aos seis anos, esse sonho era fantástico demais para poder durar...


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*Príncipe Edward VIII  (23 jun. 1894 – 28 maio 1972)





segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Agatha & Fashion - UM CACHECOL PARA MISS MARPLE




IMAGINEM SÓ: MISS MARPLE 

DITANDO MODA!



 
Geraldine McEwan como Miss Marple



Quem poderia imaginar! Agora é oficial: Miss Marple, a esperta e super antiquada velhinha detetive criada por Agatha Christie entra definitivamente para o roll do mundo da moda. E, como não poderia deixar de ser, devido a uma peça do vestuário feminino que lhe é típica: os seus famosos cachecóis tricotados de lã. 

Como uma típica senhora vitoriana, Miss Marple estava sempre vestida com muita compostura, e frequentemente se enrolava toda em xales e cachecóis, como é emblemático nesta descrição em Mistério no Caribe:

O Sr. Rafiel ergueu-se nos travesseiros o mais alto que pôde. Olhou para o rosto de Miss Marple parada em frente a ele, ficando sua figura banhada na luz do luar. Com a cabeça coberta com um cachecol muito fofo de lã rosa claro, não se parecia muito com a figura de Nêmeses que alguém pudesse imaginar.



VOCÊ CONHECE O 
 

CACHECOL-EM-LAÇO-BURACO-DE-FECHADURA?



 
Cachecol em Laço Miss Marple



Não se preocupe: a partir de hoje, ninguém mais precisa conhecê-lo por este nome. Pois o nome oficial deste tipo de cachecol agora é: Cachecol em Laço Miss Marple, ou no original em inglês: Miss Marple Key Hole Bow Scarf.

Tantas horas sentada tricotando finalmente rendeu a Miss Marple uma recompensa: este modelo em especial, que é largamente usado nos dias atuais em locais frios, foi batizado em homenagem à personagem de Agatha Christie. Qualquer pessoa que queira comprá-lo ou até mesmo tricotá-lo e vá procurar pela receita, deverá perguntar pelo “cachecol da Miss Marple”.






Seu formato peculiar – o de um arco que funciona como uma fechadura – é muito prático, como também é o temperamento da velha senhora detetive. Basta passar uma das pontas por dentro do arco, puxando e ajeitando de modo que o arco fecha como uma fechadura e forma um laço. Pronto!

Alguns sites (links ao final) até mostram detalhes do cachecol Miss Marple em manequins, como nas fotos abaixo:





























Então, tricote o seu e se aqueça no inverno ao melhor estilo de sua personagem favorita!



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LINKS: