quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

JOGO: A AVENTURA DO PUDIM DE NATAL + O NATAL DE POIROT








JOGO  DAS  CURIOSIDADES:

EM  QUAL  DOS  DOIS  LIVROS ...


Quando pensamos em Natal e em Agatha Christie, suas duas obras, cujos títulos são especialmente alusivos a esta época do ano, vêm imediatamente à lembrança: A Aventura do Pudim de Natal e O Natal de Poirot. Assim, para celebrar esta maravilhosa época do ano, proponho aos fãs mais curiosos um jogo:



Em qual dos dois livros... (ocorreu o fato)?

Adivinhe, se for capaz!








1- ... a pessoa para quem o livro foi dedicado costumava se queixar que os assassinatos de Agatha estavam ficando muito refinados? E quem era essa pessoa?


2- ... aparecem tanto o detetive Hercule Poirot como Miss Marple?


3- … há um personagem que é amigo de Poirot e que aparece novamente em outro livro: A Terceira Moça, e quem é este personagem?






4- ... foi publicado nos EUA em duas ocasiões diferentes e com dois títulos diferentes do original?


5- … Poirot faz uma referência a uma passagem de um clássico da literatura inglesa ao dizer que acredita em seis coisas impossíveis antes do café da manhã e que livro é este?


6- … há um personagem que já havia aparecido em Tragédia em Três Atos e menciona esse caso anterior em conversa com Poirot? E quem é este personagem?









RESPOSTAS:




  1- O Natal de Poirot

A pessoa era o cunhado de Agatha, chamado James:

Meu caro James:
Foste sempre um dos meus leitores mais fiéis e amáveis e, por isso,  senti-me seriamente perturbada quando me criticaste. Queixaste-te de que os meus assassinatos se estavam a tomar excessivamente refinados — anêmicos, na verdade! — e disseste que estavas esejoso de um “bom crime violento, com uma grande sangueira”. Um assassinato que não deixasse dúvidas de que era um assassino!Por isso escrevi esta história especialmente para ti. Espero que te agrade.
Tua cunhada afetuosa,
Agatha




2 - A Aventura do Pudim de Natal

O livro é composto por 6 contos, sendo que o 1º conto, A Aventura do Pudim de Natal, também dá nome ao livro. 

Poirot aparece nos 5 primeiros contos: A Aventura do Pudim de Natal, O Mistério do Baú Espanhol, O Reprimido, O Caso das Amoras Pretas e O Sonho.

Miss Marple protagoniza o último conto: A Extravagância de Greenshaw.







3- A Aventura do Pudim de Natal

O personagem é o Dr. Stillingfeet, que aparece no conto O Sonho.
Começou com um telefonema de um tal de Dr. John Stillingfeet. Ele falou com uma notável ausência de decoro médico:

— É você, Poirot, seu bestalhão? Quem fala aqui é Stillingfeet.
— Olá, meu amigo. O que houve?
— Estou falando de Northway House — da casa de Benedict Farley.
— Ah, é? — Poirot começou a falar mais depressa, interessado.
(O Sonho em A Aventura do Pudim de Natal)

* * * * * *

A Srta. Lemon o olhou com grande preocupação.
— O Dr. Stillingfeet insiste em falar com o senhor imediatamente. Diz que é urgente.
— Diga ao Dr. Stillingfeet que ele pode... A senhora disse Dr. Stillingfeet?
Passou à sua frente e apanhou o fone — Sou eu, Poirot, falando! Aconteceu alguma coisa?
— Ela foi embora.
(A Terceira Moça)




4- O Natal de Poirot

1º - Foi publicado em 1939 pela Dodd, Mead and Company com o título: Murder for Christmas (Assassinato para o Natal)






2º - Foi publicado em 1947 pela Avon com o título: A Holiday for Murder (Um Feriado para Assassinato)






5- A Aventura do Pudim de Natal

— Existem muitas coisas inacreditáveis — disse Poirot. —Principalmente antes do café, não é mesmo? É o que diz um dos clássicos de vocês. Seis coisas impossíveis antes do café da manhã. — E acrescentou: — Por favor esperem aqui, todos vocês. (A Aventura do Pudim de Natal)

O clássico da literatura inglesa é Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Poirot cita a passagem do capítulo 5, quando Alice diz que não consegue acreditar em coisas impossíveis e a Rainha Branca responde que Alice não tinha prática suficiente em acreditar: 

Eu sempre pratico durante meia hora por dia. Às vezes eu já cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã.








6- O Natal de Poirot

Trata-se do Coronel Johnson. Ele aparece em Tragédia em Três Atos:

Sir Charles e Mr. Satterthwaite estavam sentados no estúdio do Coronel Johnson. O chefe da polícia local era um homenzarrão com voz de caserna e modos alegres. Havia saudado Mr. Satterthwaite com toda indicação de prazer, e estava obviamente encantado por conhecer o famoso Charles Cartwright.
— A patroa vai muito ao teatro. Ela é... como é mesmo que os americanos dizem?... sua fã. Isso, fã. Pessoalmente também gosto de uma boa peça... coisa limpa, é claro, não o tipo de coisa que muitas vezes botam no palco hoje em dia. Uma vergonha!
(Tragédia em Três Atos)


E, em O Natal de Poirot, conversa com o detetive belga justamente sobre o caso ocorrido em Tragédia em Três Atos:

— Não há nada como o fogo de lenha — afirmou o coronel Johnson, chegando a cadeira para junto da lareira, depois de lhe ter deitado mais uma tora. — Sirva-se, por favor — acrescentou, hospitaleiro, e apontou a garrafa e o sifão que se encontraram perto do cotovelo do seu visitante. (...)
— Espantoso, aquele caso Cartwright! observou o anfitrião, em tom
saudoso. Espantoso xxxxxxxx! E que encanto de maneiras! Quando veio aqui, consigo, conquistou-nos a todos! Abanou a cabeça e acrescentou, após uma pausa:
— Nunca mais teremos nada como esse caso! O envenenamento xxxxxxxxxxxxxx, felizmente.
(O Natal de Poirot)

Observação: substitui trechos da fala do Cel. Johnson por XXX para evitar spoiler.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Especial NATAL - A MAGIA DO NATAL CONTADA POR AGATHA CHRISTIE









AQUELES  MARAVILHOSOS  E  INESQUECÍVEIS  NATAIS


Eu adoro o Natal! E, apesar de morar em um país tropical no Hemisfério sul, em uma cidade – Rio de Janeiro – cujas temperaturas passam facilmente dos 40º C, ainda assim, sempre me deixo contagiar por sua magia. E pelas lembranças de um friozinho delicioso, de neve e pinheiros, de casas com telhados inclinados, de luzinhas por todos os lados e guirlandas e estrelas, de papais Noéis e trenós e renas, de enfeites imitando flocos de neve, do vermelho e do verde e do branco predominando em tudo,






do cheirinho de biscoitos de canela, dos bolos de nozes e de tantos outros doces, do chocolate quente e da gemada com rum e dos frapes de café com cubinhos de marshmallows boiando, de velas acesas e lareiras e chaminés, de gorros vermelhos e cachecóis, de esquis e do barulhinho de guizos e sininhos, das doces canções de Natal. Podem me chamar de antiquada à vontade! Amo tudo isso. E quem pode dizer que não gosta?






Agatha Christie também adorava o Natal! Especialmente quando era criança. Já publiquei um artigo no qual reproduzo as lembranças da escritora dos Natais de sua infância, contadas na Autobiografia. (http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2015/12/especial-natal-agatha-christie-relembra.html ).



Londres decorada para o Natal


Ocorre que ela gostava tanto do Natal que fez questão, em seu livro A Aventura do Pudim de Natal, de escrever uma longa dedicatória, recheada de mais lembranças dos Natais de sua juventude. E é esta dedicatória deliciosa que reproduzo a seguir – afinal, para os apaixonados pela magia do Natal, vivenciá-la novamente nunca é demais.




*  *   *   *   *   *   *   *   *





“A CEIA DE NATAL ATINGIA PROPORÇÕES COLOSSAIS”






A Aventura do Pudim de Natal é um deleite para mim mesma, uma vez que me faz lembrar, com prazer enorme, dos Natais de minha juventude. Depois da morte de meu pai, minha mãe e eu sempre passávamos o Natal com a família de meu cunhado, no norte da Inglaterra — e que Natais soberbos para a mente de uma criança!

Em Abney Hall havia de tudo! O jardim ostentava uma cascata, um riacho e um túnel sob a passagem para os carros! A ceia de Natal atingia proporções colossais.




“QUE  MARAVILHA  SER  UMA  CRIANÇA  GULOSA  DE  ONZE  ANOS!”






Eu era uma criança magricela, aparentando delicadeza, mas, na verdade, tinha uma saúde de ferro e estava permanentemente faminta! Os meninos da família e eu costumávamos competir para ver quem conseguia comer mais no dia de Natal. Sopa de Ostra e Linguado eram devorados com excessivo prazer, mas depois vinham Peru Assado, Peru Cozido e um enorme Filé. 






Os meninos e eu comíamos dois pratos de todos os três quitutes! Depois serviam Pudim de Passas, Tortas de Frutas, Bolo de Amêndoas, todos os tipos de sobremesa. Durante a tarde, comíamos chocolate a valer. Em momento algum nos sentíamos enjoados. Que maravilha ser uma criança gulosa de onze anos!




“DIA DE NATAL É, ATÉ HOJE NA MINHA VELHICE, UMA LEMBRANÇA MARAVILHOSA!”







Que delícia era o dia de pôr as “Meias” junto da cama, pela manhã, e depois a Igreja e os hinos de Natal, a ceia de Natal, os Presentes e, finalmente, o acender das luzinhas da Árvore de Natal!






E quão profunda a minha gratidão à bondosa e hospitaleira anfitriã, que devia trabalhar tão arduamente, que o Dia de Natal é, até hoje na minha velhice, uma lembrança maravilhosa. Então, deixem-me dedicar este livro à memória de Abney Hall — à sua bondade e hospitalidade.

Agatha Christie