LEMBRANÇAS da
INFÂNCIA
Quadro de Agatha Christie quando criança com sua boneca |
AUTOBIOGRAFIA: INTRODUÇÃO
Nimrod, Iraque, 2 de
abril de 1950.
A primeira lembrança que surge na minha memória é uma visão-clara
de mim mesma caminhando pelas ruas de Dinard em dia de feira, com minha mãe. Um
moço que carregava um grande cesto, cheio de variadas coisas, esbarrou
violentamente em mim, machucando um pouco meu braço e quase me jogando ao chão.
Meu braço doeu.
Comecei a chorar.
Creio que tinha
então aproximadamente sete anos de idade.
Minha mãe, que gostava
de comportamentos estoicos
em lugares públicos, chama minha atenção: “Pense”, diz
ela, “em nossos
bravos soldados na
África do Sul!” Respondi, indignada:
“Não quero ser um bravo
soldado. Quero ser uma covarde!”
Que fatores governam
a escolha de
nossas recordações? Viver é como
estar sentado em um cinema. Clique! Aqui estou eu, criança ainda,
comendo doces de
creme no dia
de meu aniversário. Clique!
Passaram-se dois anos, e estou nos joelhos de minha avó, no ato de ser
solenemente amarrada com um barbante como um frango chegado da loja do sr.
Whiteley, e quase histérica de tanto rir com essa brincadeira.
(...)
Hoje, sou a mesma pessoa que era, a menina solene com cachos louros,
de um louro
muito claro, que
desciam até os ombros
como salsichas...
Agatha Christie
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