AGATHA
CHRISTIE:
A MÃE, A FILHA, A AVÓ.
Especial: Dia das Mães
A MÃE, A FILHA, A AVÓ.
Especial: Dia das Mães
Pensando no dia das mães e em Agatha Christie, a 1ª coisa que me vem à lembrança é uma famosa frase sua, extraída do conto A Última Sessão (The Last Séance, 1926), que consegue definir o amor de mãe com toda a propriedade:
O amor
de uma mãe por seu filho não se assemelha a nenhuma outra coisa no mundo. Ele
não conhece qualquer lei nem piedade. Ele ousa fazer todas as coisas e esmaga
sem remorsos tudo o que se interpor em seu caminho.
NÃO
QUERO SER UM BRAVO SOLDADO!
Clarisse Miller, mãe de Agatha Christie |
A Rainha do Crime foi uma boa filha. Sempre fala com muito
carinho e admiração de sua mãe, e todos sabemos que se mudou para ficar com ela
e cuidar dela em seus últimos dias de doença e sofrimento. A importância de
Clarisse Miller para Agatha Christie – e talvez a própria Agatha não tenha se
dado conta disso – é tanta que, conforme narra na Autobiografia, é sua mãe
quem protagoniza sua primeira lembrança, ainda
na Introdução, nesta divertida passagem onde podemos ver a menininha Agatha apenas
sete aninhos:
A primeira lembrança que surge na minha
memória é uma visão-clara de mim mesma caminhando pelas ruas de Dinard em dia
de feira, com minha mãe. Um moço que carregava um grande cesto, cheio de
variadas coisas, esbarrou violentamente em mim, machucando um pouco meu braço e
quase me jogando ao chão. Meu braço doeu.
Comecei a chorar. Creio que tinha então aproximadamente sete anos de
idade. Minha mãe, que gostava de
comportamentos estóicos em lugares públicos, chama minha atenção:
“Pense”, diz ela,
“em nossos bravos
soldados na África
do Sul!”
Respondi, indignada: “Não quero ser um bravo soldado. Quero ser uma covarde!”
A
ETERNA DÚVIDA DAS MÃES
Agatha Christie com sua filha Rosalind |
O tempo passou e Agatha Christie tornou-se a mãe de Rosalind,
de quem cuidou com todo amor e com todas as preocupações, como fazem todas as
boas mães, a qualquer tempo e em qualquer lugar do mundo. E também como todas
as boas mães, nossa querida escritora não foi poupada dos sentimentos de culpa,
das dúvidas e da inseguranças ao criar seus filhos, sempre se perguntando se as coisas que fez ou disse
foram as certas e se a forma como agiu foi mesmo a melhor para eles:
Penso
que posso ter errado, que a melhor coisa a fazer para ajudar Rosalind
teria sido falar
o menos possível
e continuar vivendo como habitualmente. Acho que essa teria sido minha
reação. Teria gostado que não
falassem comigo nem comentassem esse
doloroso assunto. Espero que meu modo de agir também tenha sido
confortador para ela, mas nunca podemos saber o que se passa no íntimo de outra
pessoa. Talvez tivesse sido mais fácil para ela se eu fosse uma mãe do tipo
decidido, que a convencesse a desabafar e a consolasse. O instinto pode não ser
infalível. Nosso maior desejo é não ferir
a pessoa que
amamos muito — não fazer nada que seja ruim para ela! Eu sentia que deveria
saber o que fazer, mas nunca se pode ter certeza.
AFLIÇÕES
DE AVÓ
Agatha Christie com seu neto Mathew |
Quando Rosalind lhe deu seu neto, Mathew Prichard, Agatha
Christie ficou contentíssima. Mas os tempos não eram de alegrias, mas sim de
preocupações terríveis com a guerra e temor pela vida dos entes queridos.
Agatha vivenciou toda a preocupação não apenas pela vida de sua filha e de seu
pequeno neto, mas também pela terrível aflição que Rosalind experimentava,
sendo uma jovem mãe:
Quando soava o alarme, empurrávamos Mathew,
em seu carrinho, para baixo de uma sólida mesa de papier mâché, com um grosso
tampo de vidro, por ser o móvel mais pesado sob o qual podíamos colocá-lo. Era
angustiante para uma jovem mãe, e eu desejava ardentemente ter de volta a
Winterbrook ou a Greenway House.
Porém,
o destino os poupou, a guerra acabou, o tempo passou, e Agatha Christie pode
experimentar bons e felizes momentos em companhia de sua família, de sua filha
e de seu neto, como muito bem merecem todas as mães zelosas.
PARABÉNS
A TODAS AS MÃES!
EM ESPECIAL ÀS MAMÃES QUE SÃO FÃS
DE AGATHA CHRISTIE!
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