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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

LIVROS & ENTRELINHAS - QUAL “AGATHA CHRISTIE” É O FAVORITO DE AGATHA CHRISTIE?

 

QUAL “AGATHA CHRISTIE” É O FAVORITO DE AGATHA CHRISTIE?

 


Qual é o seu livro favorito de Agatha Christie? E qual a crítica considera o melhor? Com mais de 66 romances policiais publicados e sendo um sucesso estrondoso, que se alastra por décadas e gerações, esta escolha torna-se muito difícil.

Para nos auxiliar, a própria Agatha, ao escrever uma resposta para uma fã em 1972, listou seus 10 livros favoritos. Todavia, ela admitiu que mudava de ideia de tempos em tempos, por motivos diferentes. Considerando que ela faleceu pouco tempo depois de responder à fã, podemos considerar então que esta foi sua última lista:

“Meus próprios dez certamente variam de tempos em tempos porque de vez em quando eu releio um livro antigo por algum motivo específico, para responder a uma pergunta que me foi feita, talvez, e então altero minha opinião — às vezes pensando que é muito melhor do que eu achava — ou não tão bom quanto eu pensava.”

Agatha Christie


1- O Assassinato de Roger Ackroyd (1926)




Um caso de Hercule Poirot, foi considerado, em 2013, o melhor romance policial de todos os tempos pela Associação Britânica de Escritores de Ficção Criminal (British Crime Writers’ Association).



2- Assassinato no Expresso do Oriente (1934)




Outro caso de Hercule Poirot e um dos mais famosos livros de Agatha, foi inspirado em sua própria viagem no trem de mesmo nome.



3- A Mão Misteriosa (1942)




Um caso de Miss Marple que retrata o cotidiano de uma vila do interior, exceto, é claro, pelo assassinato.



4- E Não Sobrou Nenhum (1939)




Um dos enredos mais engenhosos criados por Agatha, surpreendente e inusitado.



5- Marco Zero (1934)




Um caso com o Superintendente Battle e outro enredo muito bem engendrado.



6- A Casa Torta (1949)



Apresenta um pouco de tudo de uma história clássica de crime e mistério: a mansão, a família rica, um detetive amador e muito mistério.



7- Convite para um Homicídio (1950)



Tudo começa com um jogo que acaba dando errado...



8- Punição para a Inocência (1958)




Um thriller no qual dilemas morais são suscitados e questionados.



9- Noite Sem Fim




Outro thriller, mas este, um do tipo psicológico com uma reviravolta ao final de tirar o fôlego.



10- Os 13 Problemas




Casos de Miss Marple, narrados de forma divertida.



terça-feira, 10 de setembro de 2024

Crimes & Culinária - JANTANDO NA CASA DE AGATHA




Charlotte de morangos


Desta vez, para a seção mais gostosa desta blogazine, Crimes & Culinária, não busquei inspiração na obra de Agatha Christie, mas, sim, em sua “Autobiografia”.


Não é por pura coincidência, como os leitores da escritora facilmente percebem, que as refeições são uma constante em seus livros, sejam cotidianos cafés da manhã, sejam sofisticados jantares, nestes últimos, onde os pratos são descritos com muito conhecimento de causa.


Pudin Diplomatique de frutas vermelhas


Ocorre que, na casa onde a pequena Agatha cresceu, os jantares formais, para vários talheres e com uma cuidadosa seleção de pratos nobres, eram uma constante:


A alimentação servida a nossos hóspedes era incrivelmente opulenta, comparada com os padrões de hoje — e, na realidade, tinha que haver uma cozinheira e uma ajudante para produzir tudo aquilo! Encontrei por acaso, outro dia, o cardápio de um dos nossos jantares (para dez pessoas). Começava com uma escolha entre duas sopas: caldo ou creme. Depois havia rodovalho cozido ou filé de linguado. A seguir um sorvete. Depois carneiro. Depois, inesperadamente, maionese de lagosta. Pudin diplomatique e Charlotte russe eram os doces.

(Agatha Christie em sua “Autobiografia”)


Bolo Charlotte de frutas vermelhas


Ao me deparar com esta passagem da “Autobiografia”, fiquei encantada ao descobrir que as sobremesas “chiques” servidas nos jantares na casa de infância de Agatha são duas das minhas prediletas: a Charlotte Russe, no Brasil conhecida apenas como “Charlotte”, e o Pudin Diplomatique, em francês, também conhecido como “Diplomat Pudding” na seara inglesa. São duas sobremesas sensacionais!




CHARLOTTE  RUSSE:  BELEZA  E  ELEGÂNCIA  QUE  SE  COME



Charlotte Russe tradicional


Também chamada de Charlotte Royale, a belíssima sobremesa tem uma história controversa, com a Rússia e a Inglaterra disputando sua origem – aliás, como bem cabe a uma preciosidade deliciosa, linda e delicada como ela.

De acordo com a versão russa, a Charlotte Russe foi criada no século XIX pelo Chef e patissier francês Marie-Antoine Carême (1784-1833), na cidade de São Petersburg, sob o nome de “Sharlotka” como um presente para a família imperial do Czar Alexandre I.



Charlotte de chocolate


Já a versão inglesa alega que a sobremesa foi criada no começo do século XIX em homenagem à Rainha Charlotte da Inglaterra, esposa do Rei George III, e que o patissier francês Marie-Antoine Carême  teria adaptado a receita original inglesa, feita com brioches e compota de frutas, usando biscuits à la cuillère e recheio de bavaroise (creme típico da Baviera, sul da Alemanha, semelhante a mousse com gelatina).

Seja como for, o fato é que 9 entre 10 pessoas pensam que a Charlotte Russe não é nem russa, nem inglesa, mas, sim, francesa! E eu penso simplesmente que ela é maravilhosa.



Pudin Diplomatique de frutas vermelhas



Originalmente, pão dormido e mergulhado em manteiga era usado como revestimento ou suporte de um molde, o qual é preenchido com um purê de frutas ou creme. Atualmente, usa-se pão de ló, camadas de pão ralado, biscoitos ou bolo de esponja (“ladyfingers”). O recheio pode ser coberto com uma fina camada de gelatina, geleia, ganache ou chocolate derretido, e decorado com frutas frescas, nozes, doces e balas.



Pudin Diplomatique de limão


Há centenas de variedades de Charlotte Russe e milhares de receitas facilmente encontradas na internet. Então, basta-nos aproveitar e nos deliciarmos!



PUDIN  DIPLOMATIQUE: ELEVANDO  O  PUDIM  A  OUTRO  NÍVEL



Pudin Diplomatique


Camadas de texturas misturadas, com a crocância do pão e a cremosidade do crème anglaise, o Pudin Diplomatique já seria delicioso assim mesmo. Mas, só para ficar maravilhoso, passas embebidas em rum quente se juntam a esta delícia de pudim assado!


Pudin Diplomatique


Popular sobremesa na Hungria, o Pudin Diplomatique foi servido pela primeira vez em 1908 em uma conferência na Bósnia. É nomeado assim, pois constitui uma parte importante dos menus das conferências diplomáticas.

Também se pode encontrar dezenas de receitas de na internet, desde a tradicional até as variações, mas todas prometem ser deliciosas!



terça-feira, 3 de setembro de 2024

MISS MARPLE: CHÁ & BOLINHOS - Pérolas de Sabedoria de Miss Marple (parte 3)




Julia McKenzie como Miss Marple



PÉROLAS   DE   SABEDORIA  DE  MISS  MARPLE 

(parte 3)



Ah, nossa adorável velhinha detetive: uma hora doce, outra, mordaz; uma hora atrapalhada, outra, sagaz;  uma hora frágil; outra, corajosa; uma hora enrubescendo modesta, outra, rindo-se orgulhosa; uma hora dizendo-se uma tola, outra, a mais esperta entre todos! Porém, há uma constante: Miss Marple é uma mulher sábia.


Seja pela experiência de vida, seja por sua personalidade observadora e perspicaz, Miss Marple sempre tem um conselho para quem dele precisa ou um comentário sobre a situação. Fui anotando as sábias frases da velhinha, fossem conselhos, simples constatações, conversas ou pensamentos. Em seguida, organizei as frases em 14 temas distintos, os quais publicarei em 3 postagens:



PARTE 1: o que Miss Marple tem a nos dizer sobre:

- ASSASSINOS

- CRIMES

- A NATUREZA HUMANA

- PROFISSÕES




PARTE 2: O que Miss Marple tem a nos dizer sobre:

RAPAZES  &  HOMENS

MOÇAS  &  MULHERES

OS JOVENS

CASAMENTO

FAMÍLIA




PARTE 3: O que Miss Marple tem a nos dizer sobre:

ALDEIAS E CIDADES PEQUENAS:

MEXERICOS

SI MESMA:

A  VIDA:

PÍLULAS DE SABEDORIA



É especialmente para você que é super fã de Miss Marple que eu dedico este trabalho. E espero, é claro, que todos se divirtam tanto lendo e imaginado nossa adorável velhinha dizendo estas coisas como eu me diverti fazendo a pesquisa e produzindo estas postagens!



*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *



O   QUE   MISS   MARPLE   TEM   A   NOS   DIZER   SOBRE...




Joan Hickson como Miss Marple



... ALDEIAS  E  CIDADES  PEQUENAS:



— A gente vê tantas coisas ruins numa aldeia.


— Temos tão pouco de que falar no campo!


— Uma pessoa que viva numa aldeia o ano todo compreende muita coisa da natureza humana.


— Não se pode guardar segredos em St. Mary Mead.


Você provavelmente se surpreenderia com as coisas que acontecem num "lugarejo puro e tranquilo”.


A natureza humana é a mesma em toda parte. Naturalmente uma pessoa tem oportunidades de observá-la mais de perto, numa vila.


As pessoas não são tão tolas. Não nas cidades.


Hoje em dia em toda parte há ruído, não é? Até mesmo em St. Mary Mead. A aldeia fica bem perto de um aeroporto, sabe? O jeito como aqueles jatos voam sobre nós é realmente assustador.


Há quinze anos, a gente sabia quem era todo mundo.




Joan Hickson como Miss Marple



... MEXERICOS:


O povo repara tanto nos mais ínfimos detalhes.


— Todas as mulheres de idade são bisbilhoteiras. Teria sido muito esquisito, e mais fácil de provocar desconfianças, se eu não metesse um pouco o nariz onde não sou chamada.


— É bastante fácil difundir um rumor. Sim, muito fácil. Eu tive ocasião de comprová-lo mais de uma vez virtualmente.


— Mas não devo começar com mexericos. Não existe nada mais tedioso do que a gente ficar falando de lugares e pessoas que os outros nunca viram nem sabem nada a respeito.


— As pessoas falam demais.


Concordo em que o mexerico é errado e até cruel, mas quase sempre é verdadeiro, não é?


— Não havia graça em se envolver em escândalos hoje em dia. Apenas homens e mulheres trocando de amantes, e chamando atenção para si próprios, ao invés de tentarem decentemente abafá-los e se envergonharem de suas próprias ações.


As conversações são sempre perigosas... quando se tenta ocultar isto ou aquilo.


Como esqueço facilmente o que me contam não me importa escutar um relato pela segunda vez.


Está claro que não se deve dar ouvidos a mexericos de empregados, mas receio que uma velha como eu anda sempre interessada em saber coisas a respeito do pessoal desta casa.


— A gente repete para novas pessoas o falatório, que se propaga, que se amplia inclusive, que corre com a velocidade de um rastilho de pólvora.


Ninguém acreditava no que eu dizia! Nem a polícia, nem o pessoal da ferrovia, nem ninguém mais. É muito aborrecido não nos darem crédito.


É impressionante a rapidez com que as notícias correm.



Julia McKenzie como Miss Marple


... SI MESMA:


Não sei como é, mas tenho o dom de me meter em coisas que realmente não me dizem respeito. Em crimes e acontecimentos estranhos, quero dizer.


— Sei um pouco mais do que possa pensar.


Minha mente é um esgoto, como costuma dizer meu sobrinho Raymond. Mas sempre respondo: o esgoto é uma utilidade doméstica essencial e, aliás, muito higiênica.


A impressão que eu tenho é que trago na cara cada minuto que vivi.


Nunca fui partidária da abstinência. Um drinque mais forte é sempre aconselhável nas premissas de casos em que há choques ou acidentes. Inestimável em algumas ocasiões.


— Às vezes encontro certa dificuldade em me exprimir com clareza.


Como já lhes disse, sou muito propensa à suspeição. Meu sobrinho Raymond me diz (é claro que por brincadeira e afetuosamente) que minha mente é como uma fossa; que, aliás, é assim a mente da maioria dos vitorianos. Tudo que posso dizer é que os vitorianos conhecem muito a natureza humana.


— Não sei por que decidiu que penso em crimes o tempo todo.


— A maioria das pessoas confia demais neste mundo mau. Acreditam no que lhes dizem. Eu não. Sinto muito, mas gosto sempre de provar as coisas por mim mesma.


Eu prefiro os remédios antiquados, naqueles vidros escuros de farmácia. Afinal, esses sempre se podem derramar na pia.


De mim não fariam o menor caso. Todos afirmariam que sou uma velha dada a imaginar coisas.


Admiro a coragem.


—Nós duas fomos educadas para cumprirmos o nosso dever, não fomos?


Eu receio não ser inteligente, mas tenho vivido todos esses anos em St. Mary Mead, e isso me dá uma certa compreensão da natureza humana.


É verdade que eu tenho levado uma vida que se diria muito monótona. Mas adquiri grande experiência ao resolver vários pequenos problemas que surgiram. 


— O senhor não tem a experiência que tenho com moças que mentem.


— Eu adoro ser útil a outros de uma forma ou outra. Na minha idade, você sabe, tem-se às vezes a impressão de que não serve para nada.


Francamente, eu não tenho talento algum (mas não tenho, mesmo), a não ser, talvez, um certo conhecimento da natureza humana.


— Embora seja velha, não sou uma criança retardada.


Acho que vai achar tolice minha ficar lendo tudo isto, mas as pessoas querem tanto ficar por dentro das coisas e, naturalmente, não é sentada em casa que vou saber das coisas como gostaria.


Não fico chocada muitas vezes, você sabe, mas isto realmente me choca um pouco.


Sempre achei que as pessoas têm uma tendência a confiar demais nos outros. E eu sempre tive uma tendência a esperar o pior. Não é muito bonito, eu sei... mas o problema é que geralmente tenho razão.


— Eu creio que não possuo a experiência suficiente para tais julgamentos. A minha vida foi muito caseira.


Eu faço isso com a máxima hesitação, porque sei que estou muito velha e meio caduca, e acho até que minha ideia pode não ter o mínimo valor.


Talvez eu não devesse ter essa sensação, mas é muito gratificante armar uma teoria e ter provas de sua exatidão!


Posso lhe garantir, inspetor, que sei tomar conta de mim mesma muito direitinho.


Mas é lógico que de uma velha que nem eu, que dispõe de todo o tempo do mundo, como se diz, a gente espera realmente que fale uma porção de coisas desnecessárias.


— Estou muito velha para aventuras.



Geraldine McEwan como Miss Marple



A  VIDA:


— A vida tem muito mais valor, tem mais interesse quando estamos a ponto de perdê-la.


Pobre Sr. Jefferson. Que história triste. Esses acidentes terríveis. Deixá-lo vivo, aleijado, parece ter sido mais cruel do que se tivesse morrido também.


— Sim, foi perigoso, mas não fomos postos neste mundo para evitar o perigo quando está em jogo a vida de um nosso semelhante. Compreende?


— E realmente não me incomodo com o fato de estar envelhecendo. É a menor das indignidades.


— Não se pode viver eternamente encerrado entre quatro paredes.


A gente não pode nunca voltar atrás, que não deve tentar voltar atrás... Que a essência da vida é andar para diante. A vida é na realidade uma rua de mão única.


Só os velhos sabem quão valiosa é a vida, quão interessante resulta...


— Se acontecer algo... de ruim na sua vida... eu acho que a melhor coisa seria voltar para onde foi feliz em criança.


A gente precisa de muita coragem para enfrentar a vida.



Geraldine McEwan como Miss Marple


PÍLULAS DE SABEDORIA:


O fato é espantoso, mas não é impossível.


E muito difícil, sabe, ver uma pessoa através dos olhos de outra...


Creio que é importante que todos sejam felizes.


Se você não vê o significado de uma coisa, é porque você deve estar olhando-a do modo inverso.


Mas o importante, sabe, é que a maldade não triunfe.


A verdade é clara como o dia, se ao menos eu pudesse vê-la. São as nuvens que estão atrapalhando...


Sabe, eu sempre acho que é melhor abordar um assunto aos poucos.


O dinheiro pode fazer muito para suavizar os nossos sacrifícios.


No meu tempo era considerado falta de educação tomar Remédios às refeições, da mesma forma que assoar o nariz na mesa de jantar.


É estranho como a gente tem impressões erradas, às vezes, não é?

Afinal de contas, há tempo para tudo.


— Creio que a gente precisa aceitar as mudanças.



Quando a gente olha apenas para um lado de uma coisa, só se vê aquele lado. Mas se a gente consegue chegar a uma conclusão sobre o que é realidade e o que é ilusão, tudo se explica com a maior clareza.