terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Notícias & Novidades - “O Mistério dos Sete Relógios” - 90 anos



COMEMORAÇÃO  EM  LONDRES  DOS  90  ANOS  DE  PUBLICAÇÃO DE
  
“O MISTÉRIO  DOS  SETE  RELÓGIOS”

 
"A Evolução de Agatha Christie", Iona Rowland, 2019. Acrílico, spray e silk-screen sobre tela



O romance “O Mistério dos Sete Relógios” (“The Seven Dials Mystery”), de Agatha Christie, completa 90 anos em 24/janeiro/2019 e, para celebrar o aniversário desta importante publicação, a região de Londres também denominada Seven Dials District, próximo ao Convent Garden, está promovendo uma série de eventos comemorativos bem bacanas.



Painel:"A Evolução de Agatha Christie", de Iona Rowland, em loja no Distrito de Seven Dials




No início deste mês de janeiro/2019, foi inaugurado um painel, criado pela artista plástica britânica Iona Rowland, e que está sendo exibido no topo de Shorts Gardens, onde ficará até maio/2019, para depois ser leiloado com fundos para a caridade. A obra de arte em grande escala mostra uma foto icônica de Agatha Christie sob a intervenção colorida e contemporânea, característica da artista. “Muito de meu trabalho é uma remixagem de imagens antigas e eu acredito que ele celebra Agatha Christie como uma força criativa, além de uma mulher evoluindo, se adaptando e se tornando um sucesso”, disse Iona.




Distrito de Seven Dials, Convent Garden


Outra atividade muito legal será o lançamento de uma trilha secreta de livros na região do Seven Dials District, pela qual as pessoas serão convidadas a descobrirem os 90 livros escondidos, com os quais poderão ficar de presente. Como se não bastasse, todos que conseguirem descobrir um livro irão ganhar também uma recompensa extra pelo trabalho de detetive: um marcador de livros de Seven Dials, especialmente desenhado e fabricado para o evento. As pistas para encontrar os livros foram disponibilizadas no dia 14 de janeiro através do Twitter  @7DialsLondon.



Restaurante Tredwells, no Distrito de Seven Dials, em Londres.


Vários estabelecimentos comerciais localizados Seven Dials District também participam do evento comemorativo. É o caso do restaurante Tredwells, cujo nome é uma homenagem ao valioso mordomo da história de Agatha Christie, prestará um tributo especial, criando uma refeição de três pratos e um coquetel exclusivo, que estarão disponíveis a partir do dia 24/janeiro/2019. Já o bar The Escapologist oferecerá 50% de desconto nos drinks para aqueles que declamarem trechos de obras de Agatha Christie, enquanto que outras lojas oferecerão brindes e presentes especialmente bolados para a ocasião.



A  1ª  EDIÇÃO  DE  “O  MISTÉRIO  DOS  SETE  RELÓGIOS”



Capa da 1ª edição de "O Mistério dos Sete Relógios"



A 1ª edição de “O Mistério dos Sete Relógios” (“The Seven Dials Mystery”) foi publicada pela Collins em 1929. Uma curiosidade: na capa, como se pode ver, está escrito:

Da mesma autora de “O Assassinato de Roger Acroyd” 

como chamada promocional, o que nos revela que os editores suspeitavam que talvez o nome Agatha Chrsitie ainda não fosse tão conhecido assim.



HISTÓRIA  DO  DISTRITO  DE  SEVEN  DIALS



Foto aérea do Distrito de Seven Dials


Seven Dials foi “demarcada” nos idos de 1690 por Thomas Neale em uma série de triângulos, a fim de maximizar a quantidade de propriedades a serem alugadas. Ele pretendia que Seven Dials se torna o endereço mais chique de Londres, nos mesmos moldes da então recém criada Convent Garden Piazza. Os nomes das 7 ruas foram escolhidos para atrair moradores emergentes e, originalmente, eram: Ruas Pequeno e Grande Grande Conde; Ruas Pequeno e Grande Leão, Rua da Rainha, Ruas Pequeno e Grande Santo André. Os nomes foram modificados com o passar dos anos – no caso, dos séculos –, mas ainda se podem ver placas com os nomes originais nas construções antigas.

Muita coisa aconteceu na região nestes quase 400 anos. Foi citada por Charles Dickens em suas obras, recebeu grupos de imigrantes irlandeses, tornou-se, em dada ocasião, extremamente pobre, mas recuperou-se décadas depois, foi endereço da agência de Brian Epstein, o famoso agente dos Beatles e endereço dos estúdios de Monty Python. Passou por fases de desenvolvimento arquitetônico, mas muitos de suas construções originais ainda apresentam características históricas.



A  ARTISTA



Iona Rowland, artista plástica


Nascida em Derby, em 1990, Iona Rowland é considerada uma das mais excitantes artistas britânicas do momento. Em seu estúdio em Londres, suas pinturas exploram temas como a moda, a feminilidade e o consumismo, sendo conhecida pelos trabalhos em grande escala, os quais exalam glamour e sensualidade, com visível influencia da cultura contemporânea popular.


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Links para consulta:



sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Agatha & História - Mistérios para depois do Jantar



BONS  MOMENTOS  EM  FAMÍLIA  SÃO  MELHORES  AINDA  COM  UM  BOM  MISTÉRIO!









Nesta época de Natal e festividades que remetem à convivência familiar e aos  nossos amigos mais queridos, nada melhor do que compartilhar lembranças da vida de Agatha Christie em família. Assim, fiz questão de traduzir este adorável artigo escrito por Mathew Prichard, neto da escritora.     

Através de suas lembranças de infância, ele narra um momento peculiar em família, em que Agatha Christie, depois do jantar, testava suas ideias para um novo livro submetendo a todos o mistério no qual estava trabalhando, e desafiando-lhes a descobrir quem era o assassino. 

Poxa, como deve ter sido divertido ser neto de Agatha Christie!



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O  JOGO  DE  ADIVINHAÇÃO

por Mathew Prichard








Lembro-me do ano em que minha avó leu para nós um capítulo ou dois de "Cem Gramas de Centeio" após o jantar todas as noites. Deve ter sido em 1953 e eu me recordo do jogo como se fosse ontem. Toda a família sentada na sala de desenho em Greenway, as xícaras de café vazias sobre a bandeja, um fumaçinha saindo do charuto de meu avo, um conjunto de capas de chintzy cor de malva nas cadeiras e um piano no canto da sala. Minha avó sentava-se em um poltrona com a luz incidindo diretamente sobre ela e um par de óculos, em um formato estranho de borboleta, colocados um pouco mais para frente. Depois de cada sessão de leitura, exceto nas duas ou três primeiras, nós éramos todos convidados a adivinhar a identidade do assassino. Seria a Adele ou a Elaine? (envenenamento é talvez a arma de uma mulher?). Ou, talvez não, porque Percival ou Lancelot poderiam ter cometido o crime. Ou que tal a sinistra Srta. Armsbottom ou alguém como ela?




Agatha Christie com seu neto Mathew


De duas reações consigo me lembrar claramente: meu avô Max normalmente terminava seu charuto adormecia durante a leitura, acordando com um sobressalto quando nós estávamos todos tentando adivinhar. Ele então consistentemente e obstinadamente acusava o suspeito mais improvável e impossível, e adormecia novamente. Minha mãe, por outro lado, sustentava que a solução era obviamente clara como cristal para qualquer um com um grão de inteligência, e que o enredo era tão transparente que mal valeria a pena submeter o publico a ele. Todavia, ela não estava preparada para ser mais explícita.

Havia, é claro, um propósito serio por trás destas ocasiões altamente agradáveis. Minha avó estava ansiosa para experimentar seu livro em uma plateia viva, que lhe possibilitasse testar seu enredo e se era plausível. Não é preciso dizer que Max e minha mãe, de seus modos completamente diferentes, adivinhavam corretamente e deixavam o resto de nós enfurecidos!



Mathew Prichard, neto de Agatha Christie


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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Agatha & Arte - A VIDA EM QUADRINHOS



AGATHA   CHRISTIE  SOLOUCIONA  O  MISTÉRIO  DA  FELICIDADE  NO  CASAMENTO



Com esta manchete, o periódico norte-americano The New York Times intitulou o artigo no qual apresenta o quadrinho de Edward Sorel, o conceituado caricaturista e muralista, e que também é um grande fã de Agatha Christie.

Em apenas 8 quadros, Sorel resume a vida amorosa de Agatha, desde o início do fim de seu casamento com o Cel. Archibald Christie, quando ele lhe contou que estava apaixonado por outra mulher muito mais jovem, o famoso desaparecimento da escritora, a separação, a viagem sozinha no Expresso do Oriente rumo a Bagdá e, finalmente, o encontro com o arqueólogo Max Mallowan, com quem vivenciou o verdadeiro amor e companheirismo, ficando casados até ela falecer.








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The New York Times:  https://www.nytimes.com/2018/04/20/books/review/agatha-christie-murder-on-orient-express.html?rref=collection%2Ftimestopic%2FChristie%2C%20Agatha&action=click&contentCollection=timestopics&region=stream&module=stream_unit&version=latest&contentPlacement=2&pgtype=collection



sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Agatha & Filatelia - ACHE AS PISTAS ESCONDIDAS, SE FOR CAPAZ!






PISTAS  (MUITO  BEM)  ESCONDIDAS  EM  SELOS  BRITÂNICOS



Quem aí entre meus leitores sabe como colocar um selo em uma carta levante a mão! Tudo bem, ninguém está vendo e você não vai revelar sua idade.

Mas, para os mais jovens e da “geração internet”, aqui vão as explicações: até bem pouco tempo, quando não havia e-mail ou WhatsApp ou facebook ou Messenger ou coisa que os valham, nós escrevíamos cartas, em um papel, e as enviávamos para o destinatário dentro de um envelope, o qual fechávamos e sobre o qual colávamos um ou mais selos. O selo continha um valor e usávamos mais de um caso necessário para somarmos o valor da correspondência.

Bem, os selos muitas vezes eram lindos e publicados para homenagear algo ou alguém. Por isso, milhões de pessoas no mundo – como eu – colecionavam selos! Muitos deles são raríssimos e valem uma pequena fortuna. A arte de colecionar e conhecer selos chama-se FILATELIA, Daí, esta seção da blogazine chamar-se AGATHA & FILATELIA.

Ocorre que os ingleses – mesmo os jovens – prezam muito as tradições. E o lançamento de séries de selos em homenagem a algo ou alguém importante continua acontecendo. A propósito, continua acontecendo no Brasil também, tá?

Assim, em 2016, para celebrar os 100 anos desde que Agatha Christie escreveu seu 1º romance: O Misterioso Caso de Styles (publicado em 1920) e deu vida ao famoso detetive Hercule Poirot, a Royal Mail Britânica lançaram uma série de selos que aludem a 6 de suas obras mais famosas.

Mas estes não são selos comuns! Desenhados pelo Studio Sutherland em colaboração com o ilustrador Neil Webb, estes selos especiais apresentam pistas escondidas relativas à obra em questão, além de aludirem à cenas e personagens-chaves.



Assassinato no Expresso do Oriente



A personagem com o kimono vermelho é uma pista falsa, que distrai a atenção do observador do assassino escondido atrás da cortina, que possui tinta sensível ao calor. Basta colocar seu dedo sobre a cortina e ela desaparece! Já os suspeitos estão com seus nomes impressos em microtexto ao longo dos trilhos do trem, e só dá pra ler com uma boa lupa – assim como os detetives clássicos faziam para investigas pistas.


O Misterioso Caso de Styles

Poirot e Hastings estão investigando a cena do crime, formando uma caveira gigante, pois o assassino usou veneno. Se você lançar mão novamente de sua lupa, vai descobrir que o selo inteiro foi reproduzido em microimagem na garrafa de veneno.




Um Corpo na Biblioteca

Enquanto Miss Marple investiga o corpo encontrado na biblioteca, você pode notar que os livros anteriores nos quais ela aparece estão na estante.




E Não sobrou Nenhum

A ilha inteira desenha o perfil do assassino e anfitrião desconhecido disse. O poema, que é a chave para o enredo, é o reflexo da lua. E o misterioso Sr. U.N. Owen aparece na janela iluminada.




O Assassinato de Roger Ackroyd

A sombra do personagem principal sentado na poltrona desenha seu assassino com a faca na mão. O bilhete de suicídio de sua amante, causa de seu assassinato, está impresso em microtexto. As chamas da lareira também são pontiagudas.




Convite para um Homicídio

O assassino aparece repentinamente em uma hora previamente anunciada (6h30) para atirar na anfitriã. Ela segura o jornal onde ele havia anunciado seus planos. Miss Marple aparece na cena também. Tinta ultravioleta foi utilizada para revelar o relógio.


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Abaixo, fotos em close, identificando as pistas que podem ser descobertas usando-se luz ultravioleta, lupa e o calor do dedo.


















“Tentar resumir enredos complexos em  uma cena é algo difícil, mas muito recompensador”, disse o designer Jim Sutherland.


Ah! E como colávamos os selos nos envelopes? Geralmente passávamos a língua nele para umedecê-lo. Sim, meio nojento, né? 




sexta-feira, 13 de julho de 2018

Agatha & História - VOVÓ E A ARQUEOLOGIA



Agatha Christie com seu neto, Mathew Prichard


PARA  MEUS  AMIGOS, COM  AMOR... 

E  ALGUNS  ASSASSINATOS  TAMBÉM


Mathew Prichard, o neto de Agatha Chrsite, publicou uma série de artigos no site oficial (link ao final) dedicado à obra de sua avó, relembrando eventos familiares, falando de fatos interessantes e compartilhando conosco curiosidades acerca de Agatha e de seus livros.

Ele costumava chamá-la carinhosamente de “vozinha”, ou “nima”, em inglês, e é exatamente assim que Mathew continua se referindo à Agatha em seus textos. Então, vamos a mais uma história interessante sobre a nossa querida Vozinha:



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Agatha Christie e seu marido, o arqueólogo Max Mallowan




INSPIRADA  PELA  ARQUEOLOGIA

Por Mathew Prichard

“Encontro com a Morte” eMorte na Mesopotâmia” foram criados a partir dos arredores das próprias escavações arqueológicas. O primeiro é baseado [na cidade de] Petra e foi apelidado deRose Red Murder” [“O Assassinato Vermelho Rosa”], e o segundo gira em torno [da cidade de] Chagar Bazar e [da cidade de] Ur. Ambos os livros contêm muitos personagens vagamente baseados nos amigos de Vozinha e Max e nos ajudantes arqueológicos de Max, e, aparentemente, os livros, quando eles apareceram, foram avidamente analisados pelos participantes.Assassinato na Mesopotâmia” é de fato dedicado a "meus muitos amigos arqueológicos no Iraque e na Síria". Nem todos ficaram satisfeitos, mas não se sabe se isso foi porque as pessoas insatisfeitas foram ou deixaram de ser caracterizadas nos livros!

Sem dúvida, a tour de force [façanha] entre os escritos orientais de Vozinha foiE no final a morte”  (escrito em 1943 quando eu nasci!). Esta é uma história ambientada no antigo Egito com personagens antigos egípcios e é sóbria e introspectiva, com uma família que cai desordem quando Imhotep, um padre viúvo e um rico agricultor da antiga Tebas, importa uma nova e inteiramente maléfica concubina chamada Nofret. O livro é cheio de assassinatos violentos, envenenamentos  astuciosos e intrigas. Ele apresenta uma pesquisa impecável, realizada com a ajuda de um velho amigo de Max chamado Stephen Glanville, e é particularmente inteligente porque, embora haja autenticidade o bastante para transportar o leitor de forma convincente de volta a antiga Tebas, a intriga e o enredo certamente não estariam deslocados no século XX. Sem Hercule Poirot nem Miss Marple, este livro nunca foi famoso, nem vendeu rapidamente, mas eu acho que é uma das melhores realizações de Vozinha.


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