sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Agatha & História - Mistérios para depois do Jantar



BONS  MOMENTOS  EM  FAMÍLIA  SÃO  MELHORES  AINDA  COM  UM  BOM  MISTÉRIO!









Nesta época de Natal e festividades que remetem à convivência familiar e aos  nossos amigos mais queridos, nada melhor do que compartilhar lembranças da vida de Agatha Christie em família. Assim, fiz questão de traduzir este adorável artigo escrito por Mathew Prichard, neto da escritora.     

Através de suas lembranças de infância, ele narra um momento peculiar em família, em que Agatha Christie, depois do jantar, testava suas ideias para um novo livro submetendo a todos o mistério no qual estava trabalhando, e desafiando-lhes a descobrir quem era o assassino. 

Poxa, como deve ter sido divertido ser neto de Agatha Christie!



**************



O  JOGO  DE  ADIVINHAÇÃO

por Mathew Prichard








Lembro-me do ano em que minha avó leu para nós um capítulo ou dois de "Cem Gramas de Centeio" após o jantar todas as noites. Deve ter sido em 1953 e eu me recordo do jogo como se fosse ontem. Toda a família sentada na sala de desenho em Greenway, as xícaras de café vazias sobre a bandeja, um fumaçinha saindo do charuto de meu avo, um conjunto de capas de chintzy cor de malva nas cadeiras e um piano no canto da sala. Minha avó sentava-se em um poltrona com a luz incidindo diretamente sobre ela e um par de óculos, em um formato estranho de borboleta, colocados um pouco mais para frente. Depois de cada sessão de leitura, exceto nas duas ou três primeiras, nós éramos todos convidados a adivinhar a identidade do assassino. Seria a Adele ou a Elaine? (envenenamento é talvez a arma de uma mulher?). Ou, talvez não, porque Percival ou Lancelot poderiam ter cometido o crime. Ou que tal a sinistra Srta. Armsbottom ou alguém como ela?




Agatha Christie com seu neto Mathew


De duas reações consigo me lembrar claramente: meu avô Max normalmente terminava seu charuto adormecia durante a leitura, acordando com um sobressalto quando nós estávamos todos tentando adivinhar. Ele então consistentemente e obstinadamente acusava o suspeito mais improvável e impossível, e adormecia novamente. Minha mãe, por outro lado, sustentava que a solução era obviamente clara como cristal para qualquer um com um grão de inteligência, e que o enredo era tão transparente que mal valeria a pena submeter o publico a ele. Todavia, ela não estava preparada para ser mais explícita.

Havia, é claro, um propósito serio por trás destas ocasiões altamente agradáveis. Minha avó estava ansiosa para experimentar seu livro em uma plateia viva, que lhe possibilitasse testar seu enredo e se era plausível. Não é preciso dizer que Max e minha mãe, de seus modos completamente diferentes, adivinhavam corretamente e deixavam o resto de nós enfurecidos!



Mathew Prichard, neto de Agatha Christie


************