Se você morasse em uma singela aldeia inglesa como St.
Mary Mead, lar de Miss Marple, a esperta velhinha detetive criada por Agatha
Christie, os mexericos, pequenos ou grandes, inofensivos ou maldosos, fariam
parte de sua vida, querendo ou não!
Você tomaria intrigas com o café da manhã e passaria manteiga
de ervas e indiscrições em seu pão. Você almoçaria frango temperado com
comentários impertinentes, beberia um copo de água gazosa misturado com fofocas
e saborearia uma deliciosa sobremesa de escândalos cochichados ao pé do ouvido.
Mais tarde, você salpicaria canela e dúvidas quanto à moral dos vizinhos em seu
chocolate quente e comeria bolinhos recheados com creme e fuxicos.
Assim imagino St. Mary Mead |
Seu chá das 5 h. seria adoçado com mel e insinuações
maliciosas e suas torradas seriam cobertas com geleia e bisbilhotice. À noite,
você tomaria um prato fundo de sopa com gengibre e notícias apimentadas, e mais
tarde beliscaria biscoitinhos cobertos de açúcar e informações constrangedoras
sobre pessoas conhecidas que lhe fariam corar!
Só depende de você escolher de que lado dos mexericos
prefere ficar: do lado de quem é uma vítima deles ou do lado de quem os produz.
Mas, aconselho que pense muito bem! Afinal, não apenas as fofoqueiras se
divertem muito mais do que suas vítimas, como também, conforme afirma nossa
sábia velhinha detective:
Joan Hickson como Miss Marple |
Concordo em que o mexerico é errado e até
cruel, mas quase sempre é verdadeiro, não é?
(Miss Marple em Assassinato na Casa do Pastor)
Então,
caso tenha se decidido pelos prazeres da bisbilhotice, aqui estão algumas dicas
preciosas reunidas neste MANUAL, elaborado com base nos exemplos das grandes e
adoráveis (ou nem tanto...) fofoqueiras criadas por Agatha Christie. Aproveite
e divirta-se você também!
MANUAL DAS
BISBILHOTEIRAS DE ST.
MARY MEAD
1. Xeretar
e vigiar a vida dos outros incansavelmente.
* — E foi
aqui que tudo aconteceu, então? — perguntou Miss Marple, acrescentando, em tom
de desculpa: — Tenho a impressão de que a senhora está me achando muito
curiosa...
(A
Mão Misteriosa)
* O
olhar astuto de Miss Marple percorria toda a sala.
—
Estou vendo que a senhora não tem tapete diante da lareira — observou.
Dinah
Lee virou-se e a encarou. Não tinha a menor dúvida de que a velha senhora a
estivesse passando por um escrutínio.
(Um Corpo na biblioteca)
* — A
srta. Wetherby telefonou — disse ela. — A sra. Lestrange saiu
às
oito e quinze e não voltou até agora. Ninguém sabe aonde ela foi.
(...)
— Também não foi ao dr. Haydock. A srta. Wetherby sabe disso
porque
telefonou para a srta. Hartwell, que mora ao lado dele e teria
dito algo, caso a sra. Lestrange houvesse
aparecido por lá.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
*
Miss Marple inclinou-se para frente. Tinha uma mancha cor-de-rosa em cada bochecha.
—
Achar-me-ia
muito indiscreta e muito indelicada se lhe perguntasse o que dizia a mensagem?
(A
Mão Misteriosa)
* —
Ela vive ocupada demais com o seu jardim e não cuida do marido. É preciso estar
sempre de olho nos homens, sempre, sempre — repetia a srta. Hartwell.
(Um Corpo na biblioteca)
Deddie Davies como Mrs. Salisbury |
* Miss
Marple sempre vê tudo. A jardinagem é um bom disfarce, e o hábito de observar
passarinhos com binóculos de longo alcance sempre pode ser útil.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* — É
mesmo? Mas então falaram de quê?
—
Quadros, música, livros — respondi, falando a verdade. Os únicos assuntos que
interessam à srta. Hartwell são puramente pessoais, e por isso ela me olhou com
suspeita e descrença.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* — Fiquei
pensando, não haverá um pouco de romance no ar? — sugeriu, com ar maroto, Miss
Marple. — Com aquele rapaz alto?
— Com
Patrick, a senhora quer dizer? Não, eu não...
— Não, eu
falo de um rapaz alto, de óculos. Já o vi por aí.
(Convite para um Homicídio)
* — O
pobre coitado vai ser agarrado antes que perceba onde está. Ele é inocente como
um bebê que está para nascer, todo mundo sabe disso.
(Srta.
Hartwell
em Assassinato na Casa do Pastor)
* — Miss Marple
também não tem perdido tempo. Fletcher relata que ela tem tomado o café da
manhã no Bluebird. Já foi tomar um cálice de sherry com Hinchliffe e Murgatroyd
e chá em Little Paddocks. Esteve apreciando o jardim dos Swettenham... e foi
conhecer as curiosidades indianas do coronel Easterbrook.
(A
Mão Misteriosa)
2. Afinal, para que servem as janelas se
não para espionar os vizinhos?
Angela Lansbury como Miss Marple |
* — Como
se consegue ingerir algum alimento neste lugar. Devem fazer suas refeições em
pé, junto à janela, para ter certeza de que não estão perdendo nada.
(Pastor
Clement em Assassinato na Casa do Pastor)
* Compreendi
perfeitamente. Tirando partido do fato de que a casa estava vazia, a srta. Hartwell
dera rédeas à sua curiosidade e rodeara a casa, examinando o jardim e olhando
por todas as janelas para ver o máximo possível do interior.(Pastor Clement
em Assassinato na Casa do Pastor)
* Minha
primeira visita foi à srta. Hartwell. Devia estar espreitando pela janela,
pois, antes que tivesse tempo de tocar campainha, abriu a porta da frente e,
apertando minha mão com firmeza, fez-me entrar. (Pastor
Clement em Assassinato na Casa do Pastor)
* —
Então resolvi dar a volta à casa e.. . e bater numa janela — continuou sem
corar. — Fiz a volta inteira e olhei em todas as janelas, mas não havia ninguém
em casa.
(Srta.
Harinell
em Assassinato na Casa do Pastor)
3. Se
deliciar com os escândalos.
*
Houve uma pausa, enquanto as senhoras saboreavam aquela nota a mais no
escândalo da aldeia. (Um Corpo na
Bilbioteca)
*
Miss Marple estava naturalmente entusiasmada com o assunto. Como disse
apologeticamente: — Temos tão pouco de que falar no campo! — Tinha decidido que
a rapariga morta devia ser exatamente como a Edith dela. (A Mão Misteriosa)
* —
E sua pobre esposa?
A
Srta. Hartwell procurou disfarçar seu prazer intimo e ardente.
—
Realmente. Não acho que ela tenha qualquer ideia.
(Um Corpo na Bilbioteca)
*A
agitação foi enorme por um instante, até que Miss Marple disse
em tom
de censura, mas sorrindo: — Menina travessa!
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* É um
episódio tão emocionante... como essas coisas que a gente lê nos jornais... e,
tendo acontecido com alguém que a gente conhece... estou louca para ouvir a
história toda, para imaginar exatamente como tudo aconteceu, a senhora entende,
não?
(Miss Marple em A
Mão Misteriosa)
* Estou
muito preocupada, bastante excitada mentalmente, sem saber o que devo fazer.
Soube de uma coisa que acho que pode ser importante.
(Sta. Wetherby em Assassinato
na Casa do Pastor)
4.
Saber que não vai agradar aos outros, mas não ligar a mínima para isso!
Barbara Hicks como Miss Hartnell |
* — Quem
virá? (...)
— A
sra. Price Ridley, a srta. Wetherby, a srta. Hartwell e a terrível Miss Marple.
(...) É a que mais fala mal dos outros na aldeia — disse Griselda. — E sempre
sabe de tudo o que aconteceu e tira as piores conclusões.
(Griselda em Assassinato na Casa do Pastor)
* A
Srta. Wetherby é uma solteirona impertinente, de nariz comprido. (Um Corpo na biblioteca)
* A
srta. Hartwell, que é uma mulher acabada, porém alegre e muito temida pelos
pobres. (Assassinato na Casa do Pastor)
* — As
gatas velhas do condado foram procurá-lo por causa disso? Por causa de meus
costumes? Ora essa, a moral não é assunto para a Polícia. (sr. Blake em Um Corpo na Bilbioteca)
* — O
que elas precisam — volveu Griselda — é de um pouco de imoralidade em suas
vidas. Assim não ficariam tão ocupadas procurando isso na vida dos outros.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* A
srta. Wetherby é uma mistura de vinagre e rompantes. (Assassinato na Casa do Pastor)
* –
Há mulheres demais nesta parte do mundo.
(Cel.
Melchet em Um Corpo na biblioteca)
* –
Miss Marple é a perfeita investigadora local. Ela já nos passou a perna, uma
vez, não foi? (...)
–
Daquela vez era um caso local, Sir. A velha sabe de tudo que se passa na
aldeia, isso é verdade.
(Um Corpo na biblioteca)
5. Dizer o que tiver que dizer, doa a quem
doer.
Miriam Margolyes como Mrs Price-Ridley |
* — É
revoltante, em minha opinião — a srta. Hartwell prosseguiu com sua habitual
falta de tato.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
A senhorita me permitiria dar-lhe um conselho, muito embora possa parecer
impertinente? — perguntou Miss Marple.
— Eu
o considerarei impertinente. É melhor a senhora não dizer nada.
—
Não obstante, vou dizer. Quero aconselhá-la, veementemente, a não continuar a
usar seu nome de solteira na aldeia.
(Um Corpo na biblioteca)
* –
Eu não devia me queixar, mas às vezes penso que se viver muito tempo mais perto
de Mrs. Hartwell, vai haver um lamentável incidente. Aquela velha gata de cara
azeda, sempre fofocando e reclamando. Jim também está bem cheio. Teve uma briga
de primeira classe com ela ontem à noite. Apenas por que ouvimos o Messias um
pouco mais alto! Você não pode fazer objeções ao Messias, pode? Quero
dizer, é religioso.
—
Ela objetou?
—
Criou uma confusão terrível — disse Cherry. — Bateu na parede, gritou e isto e
aquilo.
(A Maldição do Espelho)
* É
muito difícil, com a srta. Hartwell, saber onde acaba a narrativa e começam as
acusações. (Assassinato na Casa do Pastor)
*
Miss Marple, ignorando essas considerações da Sra. Bantry, acrescentou:
— E, no entanto, você sabe, correm
muitos boatos por aí.
(Um Corpo na biblioteca)
* —
Ele era uma criancinha adorável em seu banho.
— Há
uma linda fotografia do assassino de Cheviot quando criança, no jornal de
domingo passado — disse Miss Marple.
(Um Corpo na biblioteca)
6. Não
deixar uma pessoa escapar até ela escutar tudo o que você tem a dizer.
Geraldine MacEwan como Miss Marple |
* Ao
atravessar o portão, fui agarrado. A srta. Hartwell é perita em agarrar as
pessoas, de uma maneira brusca e incômoda.
(Pastor Clement em Assassinato
na Casa do Pastor)
* Eu
queria falar com a Megan. Tinha querido falar com ela o dia todo. Apressei o
passo. Mas ao chegar junto delas, a Megan virou-se e foi-se embora na outra
direção. Fiquei irritado e queria ir atrás dela, mas Miss Marple bloqueou-me o
caminho.
(A Mão
Misteriosa)
* A
caminho de casa, encontrei a srta. Hartwell, que me prendeu pelo menos por dez
minutos, reclamando com sua voz grave. (Pastor
Clement em Assassinato na Casa do
Pastor)
7. Usar
uma boa dose de malícia ao fazer mexericos e falar mal dos outros.
Angela Lansbury como Miss Marple |
* — Será
que há mesmo alguma coisa entre Lawrence Redding e Lettice Protheroe? — indagou
a srta. Wetherby. — Certamente parece que há.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
Aquela que fica deitada no jardim, praticamente nua?
(Srta.
Hartwell
em Um Corpo na biblioteca)
* – A empregadinha da casa do Sr.
Harbottle, por exemplo. Uma mocinha muito vulgar.
(Miss
Marple em Um Corpo na biblioteca)
* —
Essas moças são umas sonsas — lastimou a sra. Price Ridley.
—
(...) Ele é um bonito rapaz.
— Mas
sem moral — afirmou a srta. Hartwell. — Tem de ser. Um artista! Paris! Modelos!
Nus!
—
Pintar um quadro dela de maiô! — disse a sra. Price Ridley. — Não
fica bem.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
*
Ela é uma mulher muito tola — disse ela — Gosta de se exibir. Vai apanhar ervas
e coisas assim na lua cheia e tem o cuidado de fazer com que toda a gente fique
sabendo.
— E
as moças tontas vão consultá-la, suponho? - disse Miss Marple.
(A Mão Misteriosa)
* — É
revoltante! Ele deve ser pelo menos vinte e cinco anos mais velho do que ela.
(Srta.
Hartwell
em Assassinato na Casa do Pastor)
* —
Você conhece aquela mulher horrorosa que anda com Basil Blake? – perguntou a
srta. Wetherby.
—
Aquela loura de cabelos horrivelmente oxigenados? — a Srta. Hartwell estava um
tanto atrasada, pois não passara ainda do oxigenado para o platinado.
(Um Corpo na biblioteca)
— Será
que há mesmo alguma coisa entre Lawrence Redding e Lettice Protheroe? — indagou
a srta. Wetherby. — Certamente parece que há.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* A
Srta. Wetherby foi a primeira a espalhar a notícia inebriante. Entrou toda
afobada na casa de sua amiga e vizinha, a Srta. Hartwell.
(Um Corpo na biblioteca)
Geraldine MacEwan como Miss Marple |
* Três
vozes femininas soaram ao mesmo tempo, fazendo comentários estapafúrdios sobre
o passeio dos meninos do coro, o incidente lamentável na última reunião das
mães e as correntezas de ar na igreja.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
Um pouco semelhante a Jesie Golden, a filha do padeiro —acrescentou Miss
Marple. — Ela treinava para ser babá e se casou com o filho do dono da casa.
(Um Corpo na biblioteca)
* Estava
no portão da frente, aonde fora um minuto ou dois, diz ela que para tomar ar.
Muito pouco provável, na minha opinião; o mais provável é que estivesse
esperando o rapaz da peixaria, se é que se pode chamar aquilo de rapaz, um
garoto atrevido, pensa que porque tem dezessete anos pode mexer com todas as
moças.
(Sra.
Price Ridley em
Assassinato na Casa do Pastor)
* — Na
época de hoje, uma moça pode ter uma ocupação da mesma maneira que um homem.
— Para
vir trabalhar fora da cidade? E ficar no mesmo hotel? —retrucou a sra. Price
Ridley em voz severa.
A
srta. Wetherby murmurou baixinho para Miss Marple:
— E os quartos são todos no mesmo
andar...
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
Acredita mesmo que ela quer se casar com aquele careca aborrecido?
—
Dizem que ele está muito bem financeiramente — observou Miss Marple.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
Que mulher ruim! — exclamou a srta. Hartwell com justa raiva.
—
Infelizmente, era muito devassa.
— E
o Coronel Bantry... parecia um homem tão quieto...
— Os
quietos muitas vezes são os piores, assim afirma Jane Marple — disse a Srta.
Wetherby picantemente.
(Um Corpo na Bibioteca)
Ita Ever como Miss Marple |
* —
Se aconteceu alguma coisa? — a Sra. Price Ridley repetiu a pergunta
dramaticamente. — Um escândalo horroroso! Ninguém poderia imaginar isso. Uma
mulher devassa, completamente despida, estrangulada na casa do Coronel Bantry.
(Um Corpo na biblioteca)
* —
Oh, minha querida! — disse Miss Marple. — Acho que os casados são os piores.
Lembre-se da pobre Mollie Carter.
—
Homens casados que vivem separados de suas esposas são, é claro, desacreditados
— afirmou a srta. Wetherby.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* E
que barulho ele fez por causa do namoro de sua filha com o jovem Bailey! No
final das contas, era a sirigaita da mulher dele.
(Miss
Marple
em Assassinato na Casa do Pastor)
* A
srta. Wetherby comentou rispidamente: — Nenhuma moça direita faria isso.
—
Faria o quê? — perguntei.
— Ser
secretária de um homem solteiro — esclareceu a srta. Wetherby com uma voz horrorizada.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* —
Sempre o julguei muito burro — volveu Miss Marple. — Esse tipo de homem que,
quando põe uma ideia na cabeça, ninguém consegue convencer de outra coisa.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
8.
Manter informantes em todos os lugares possíveis – e em alguns impossíveis
também!
Mary Whithacker como Mrs. Wetherby |
* —
Vamos dizer que foi um passarinho que me contou. Isso é seguro, não é? (...) —
Bem, esse passarinho me contou que viu uma certa senhora, cujo nome não posso
dizer.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* A
Sra. Price Ridley estava entre as últimas a saber da notícia. (...) Sua
informante foi sua empregadinha Clara.
—
Você disse uma mulher, Clara? Encontrada morta no tapete do Coronel Bantry?
— Sim. E dizem que estava completamente
nua, sabe, nuazinha.
(Um Corpo na biblioteca)
* Como
estava dizendo, minha empregada Clara estava no portão e ouviu um espirro.
(...) — Ouviu um espirro no dia do assassinato, numa hora em que não havia
ninguém em sua casa.
(Sra.
Price Ridley em Assassinato na Casa do Pastor)
*
Discou numa rápida sucessão para a casa paroquial, para a Sra. Price Ridley,
para Miss Hartwell, Miss Wetherby e, em último recurso, para o peixeiro que, em
virtude de sua vantajosa situação geográfica, sabia geralmente onde se encontrava
todo mundo na aldeia.
(Um Corpo na biblioteca)
* O velho Ashe
fez uma pausa, recuperou o fôlego, e continuou:
— O Jim
Huggins garantiu que a srta. Blacklock não guarda muito dinheiro em casa; ele
deve saber, porque é a mulher dele que vai lá todo dia arrumar a casa, e aquela
velha sabe de tudo que acontece por perto dela. Abelhuda, sabe como é?
(Convite
para um Homicídio)
* — É
preciso que o senhor compreenda que ouvi isso de fonte segura.
Em St.
Mary Mead a fonte segura é sempre a empregada de alguém.
(Assassinato
na Casa do Pastor)
* E isso é uma
grande verdade — disse Miss Marple. — É impressionante a rapidez com que as
notícias correm. Em parte são os empregados, mas não pode ser apenas isso;
temos tão poucos empregados hoje em dia. Mas há essas mulheres que trabalham
por hora, e até que devem ser piores, porque vão de casa em casa, espalhando as
novidades.
(Convite
para um Homicídio)
9.
Reclamar do progresso e dos novos tempos.
Julia Mackenzie como Miss Marple |
* E
é você mesma que deve pegar a cesta e andar por ali procurando as
coisas. Às vezes gasta-se quinze minutos para encontrar tudo que se quer, e é
tudo empacotado em tamanhos inconvenientes, muito pouco ou em excesso. E então se
tem que esperar para pagar em uma longa fila quando se vai embora. Muito
cansativo.
(Maldição do Espelho)
* É um outro
sinal dos tempos — disse Miss Marple. — Hoje, é muito comum a gente não
conhecer os parentes mais jovens. Antigamente, quando havia reuniões de
família, isso seria impossível.
(Convite para um Homicídio)
* —
Montes de coisas de que ninguém nunca ouviu falar — exclamava A srta. Hartwell.
— Todos aqueles enormes pacotes de cereais, em vez de se cozinhar para uma
criança uma refeição apropriada de
toucinho e ovos.
(A Maldição do Espelho)
* Sempre achei
esses médicos jovens muito novidadeiros. Fazem a gente arrancar todos os
dentes, tomar uma porção de remédios estranhos e acabam por nos tirar as
tripas, antes de confessar que não sabem o que a gente tem. Eu prefiro os
remédios antiquados, naqueles vidros escuros de farmácia. Afinal, esses sempre
se podem derramar na pia.
(Miss Marple
em Convite para um Homicídio)
10. Insistir
no que quer, pouco importa se está amolando os outros.
Margaret Tutherford como Miss Marple |
* —
Senhoras de idade são muitos cacetes — afirmou a sra. Lestrange. —
Especialmente a srta. Hartwell. Deve ter tocado a campainha pelo menos meia
dúzia de vezes antes de desistir.
(Sra.
Lestrange
em Assassinato na Casa do Pastor)
* — Bati
na porta e toquei a campainha — explicou. —Duas vezes. Talvez mais. E me
ocorreu de repente que talvez a campainha não estivesse funcionando.
(Srta.
Hartwell em Assassinato na Casa do Pastor)
11. Ajudar os pobres, mesmo que eles não
queiram.
Rosalie Crutchley como Mrs Price-Ridley |
* E
quatro dos meus paroquianos mais pobres declararam revolta aberta contra a
srta. Hartwell, que veio se queixar mim, furiosa. (Pastor Clement em Assassinato
na Casa do Pastor)
* A
Srta. Hartwell tinha um timbre de voz muito baixo e visitava os pobres infatigavelmente,
por mais que eles procurassem evitar seus auxílios.
(Um Corpo na biblioteca)
* A
caminho de casa, encontrei a srta. Hartwell, que reclamava com sua voz grave
contra a improvidência e ingratidão das classes baixas. Parecia que o xis da
questão era que os pobres não queriam a srta. Hartwell em sua casa. Meus
sentimentos estavam todos com eles.
(Pastor Clement em Assassinato
na Casa do Pastor)
* A
srta. Hartwell, que é uma mulher acabada, porém alegre e muito temida pelos
pobres...
(Pastor Clement em Assassinato
na Casa do Pastor)
12. Considerar-se
um exemplo de virtude e bons modos cristãos – ainda que não seja bem assim...
Julia Mackenzie como Miss Marple |
* A
srta. Hartwell ficou ainda mais vermelha. Se não fosse uma pessoa tão
agressiva, diria que estava encabulada.
(Pastor
Clement em Assassinato na Casa do
Pastor)
* — Não
queria enfiar meu cartão pela abertura das cartas. Não seria delicado, e eu
posso ser muita coisa, mas nunca fui grosseira. – Ela fez essa espantosa
declaração sem pestanejar.
(Srta.
Hartwell em Assassinato na Casa do Pastor)
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