AQUELES MARAVILHOSOS E INESQUECÍVEIS NATAIS
Eu adoro o Natal! E, apesar de morar em
um país tropical no Hemisfério sul, em uma cidade – Rio de Janeiro – cujas temperaturas
passam facilmente dos 40º C, ainda assim, sempre me deixo contagiar por sua
magia. E pelas lembranças de um friozinho delicioso, de neve e pinheiros, de
casas com telhados inclinados, de luzinhas por todos os lados e guirlandas e
estrelas, de papais Noéis e trenós e renas, de enfeites imitando flocos de neve,
do vermelho e do verde e do branco predominando em tudo,
do cheirinho de biscoitos de canela, dos
bolos de nozes e de tantos outros doces, do chocolate quente e da gemada com rum
e dos frapes de café com cubinhos de marshmallows boiando, de velas acesas e
lareiras e chaminés, de gorros vermelhos e cachecóis, de esquis e do barulhinho
de guizos e sininhos, das doces canções de Natal. Podem me chamar de antiquada
à vontade! Amo tudo isso. E quem pode dizer que não gosta?
Agatha Christie também adorava o Natal! Especialmente
quando era criança. Já publiquei um artigo no qual reproduzo as lembranças da escritora
dos Natais de sua infância, contadas na Autobiografia. (http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2015/12/especial-natal-agatha-christie-relembra.html
).
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Londres decorada para o Natal |
Ocorre que ela gostava tanto do Natal que
fez questão, em seu livro A Aventura do Pudim de Natal, de escrever
uma longa dedicatória, recheada de mais lembranças dos Natais
de sua juventude. E é esta dedicatória deliciosa que reproduzo a seguir –
afinal, para os apaixonados pela magia do Natal, vivenciá-la novamente nunca é
demais.
* *
* * *
* * * *
“A
CEIA DE NATAL ATINGIA PROPORÇÕES COLOSSAIS”
A Aventura do Pudim de Natal é um deleite para mim mesma, uma vez que
me faz lembrar, com prazer enorme, dos Natais de minha juventude. Depois da
morte de meu pai, minha mãe e eu sempre passávamos o Natal com a família de meu
cunhado, no norte da Inglaterra — e que Natais soberbos para a mente de uma
criança!
Em Abney Hall havia de tudo! O jardim
ostentava uma cascata, um riacho e um túnel sob a passagem para os carros! A
ceia de Natal atingia proporções colossais.
“QUE
MARAVILHA SER UMA CRIANÇA GULOSA DE ONZE ANOS!”
Eu era uma criança magricela, aparentando
delicadeza, mas, na verdade, tinha uma saúde de ferro e estava permanentemente
faminta! Os meninos da família e eu costumávamos competir para ver quem conseguia
comer mais no dia de Natal. Sopa de Ostra e Linguado eram devorados com
excessivo prazer, mas depois vinham Peru Assado, Peru Cozido e um enorme Filé.
Os meninos e eu comíamos dois pratos de todos
os três quitutes! Depois serviam Pudim de Passas, Tortas de Frutas, Bolo de
Amêndoas, todos os tipos de sobremesa. Durante a tarde, comíamos chocolate a
valer. Em momento algum nos sentíamos enjoados. Que maravilha ser uma criança
gulosa de onze anos!
“DIA
DE NATAL É, ATÉ HOJE NA MINHA VELHICE, UMA LEMBRANÇA MARAVILHOSA!”
Que delícia era o dia de pôr as “Meias”
junto da cama, pela manhã, e depois a Igreja e os hinos de Natal, a ceia de
Natal, os Presentes e, finalmente, o acender das luzinhas da Árvore de Natal!
E quão profunda a minha gratidão à
bondosa e hospitaleira anfitriã, que devia trabalhar tão arduamente, que o Dia
de Natal é, até hoje na minha velhice, uma lembrança maravilhosa. Então,
deixem-me dedicar este livro à memória de Abney Hall — à sua bondade e
hospitalidade.
Agatha Christie
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