AGATHA CHRISTIE: A RAINHA DOS
VENENOS
(parte 5)
O veneno tem um
certo atrativo... Não demonstra a brutalidade da bala de revólver ou do golpe
de algum instrumento.
(Mr. Restarick
em Um Passe de Mágica)
Nesta 5ª e última
parte da série de artigos sobre os venenos utilizados por Agatha Christie para
liquidar suas vítimas, apresento alguns fatos e curiosidades acerca dos venenos
restantes que aparecem nas obras da escritora.
Mas se você perdeu
alguns dos artigos anteriores, não deixe de clicar nos links abaixo para
mergulhar a fundo no FASCINANTE e perigoso mundo dos venenos da Rainha do
Crime!
Parte 1 – Os TOP 5
venenos mais utilizados por Agatha Christie:
Parte 2 – Os venenos
que não são comuns de serem usados como arma de assassinato e os venenos
curiosos ou inusitados:
http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2016/04/curiosidades-inusitados-ou-incomuns-os.html
Parte 3 – Os
medicamentos que podem ser mortais – a polêmica sobre alguns venenos que Agatha
Christie teria inventado:
Parte 4 – As plantas
perigosas e os venenos delas derivados e os casos de morte em que o veneno não
foi informado:
http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2016/05/curiosidades-o-jardim-de-venenos-de.html
http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2016/05/curiosidades-o-jardim-de-venenos-de.html
O INTRIGANTE
MUNDO DOS VENENOS
CARBÚNCULO
ou ANTRAZ
—
Deixe-me ver. Foi há três anos? Não, mais.
—
Quatro ou cinco, acho eu. Que mulher mais desequilibrada! Dei graças a Deus
quando foi embora pro exterior. O Dr. Roberts também. Ela pregava as mentiras
mais horrorosas ao marido; como sempre fazem, aliás. O coitado ficava fora de
si; chegou até a adoecer. Morreu de antraz, sabe? Um pincel de
barba infeccionado.
(Cartas
na Mesa)
O carbúnculo ou antraz ganhou fama mundial
quando foi utilizado como atentado a autoridades norte-americanas na forma de
um pó que contaminava imediatamente a pessoa quando abria um envelope de
correspondência. Trata-se de uma bactéria que afeta especialmente os animais e
pode ser transmitida aos humanos quando entram em contato com eles.
Agora uma curiosidade de ordem muito pessoal: os
leitores que conhecem a região do Norte Fluminense (norte do Estado do Rio de
Janeiro), especialmente as cidades de Campos dos Goytacazes e de Macaé, sabem
que é comum por lá uma expressão bem antiga de interjeição: Ih,
cabrunco! E também é comum se referir a alguém simplesmente como cabrunco.
Adivinha qual é a origem de cabrunco?
ÁCIDO CLORÍDRICO
Não vou
entrar em detalhes. O envenenamento com uma forte dose de ÁCIDO CLORÍDRICO (que
foi o que se constatou depois) produz uma das mortes mais dolorosas que se
conhecem. Quando me debrucei para lhe aplicar a injeção, ela fez um esforço
sobre-humano para falar mas só logrou emitir um horrível murmúrio estrangulado.
(Morte na Mesopotâmia)
Normalmente utilizada
como reagente químico, o ácido clorídrico – HCl – é um dos ácidos que se ioniza
completamente em solução aquosa. É uma substância que queima a pele facilmente,
e o fato curioso é que ele é encontrado no estomago, uma vez que os sucos
digestivos estomacais consistem em uma mistura diluída de acido clorídrico e
outras enzimas.
Apareceu em Morte na Mesopotâmia
ÁCIDO OXÁLICO
Pobre moça, foi
horrível! Não puderam fazer nada por ela. Morreu no hospital algumas horas mais
tarde.
— E o que foi?
Tinta de chapéu?
— Sim.
Envenenamento por ÁCIDO OXÁLICO, disseram eles. A garrafa tinha mais ou menos o
mesmo tamanho da de xarope. Essa foi encontrada na pia. A de tinta estava ao
lado de Amy. Ela deve ter apanhado a garrafa errada no escuro.
(É Fácil Matar)
O ácido oxálico é um
componente orgânico de fórmula H2C204 na forma
de uma substância cristalina e sólida que se dissolve na água. Ingestão de
altas doses ou contato constante com a pele pode ser fatal. Apareceu em É Fácil Matar.
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VENENOS
NÃO INFORMADOS
Em algumas ocasiões,
Agatha Christie se referia a alguma morte por envenenamento ou a algum tipo de
veneno mortal, mas não dizia exatamente qual era. Selecionei três destas
ocorrências: em E no final, a morte; Convite para
um Homicídio; e no conto A Face de
Helena
VENENO NO VINHO
E DE USO TÓPICO
— É
uma sorte que Yahmose tenha bebido muito menos do VINHO ENVENENADO. Ele
bebericava seu vinho ao passo que seu filho Sobek parece que o bebeu todo de um
só gole.(...)
— E o
vinho estava mesmo envenenado?
— Não
existe dúvida a respeito disso, Imhotep. O resíduo foi testado pelos meus jovens
assistentes; todos os animais que o ingeriram morreram mais ou menos
instantaneamente.
[...]
De
súbito, vinda de algum lugar no passado, uma fugidia lembrança clareou-lhe as
ideias. A pele tonsurada de uma ovelha... um bocado de gordura... uma
experiência de seu pai para demonstrar que alguns VENENOS podiam ser absorvidos
pela pele.
(E no
final, a morte)
ENVENENAMENTO
POR NARCÓTICO
— Ela queria
tomar uma aspirina. Aparentemente, apanhou alguns comprimidos num vidro que
estava na mesinha de cabeceira. Ela apanhou dois, e deixou um. O médico está
mandando esse que sobrou para análise. Ele tem certeza de que não é aspirina.
— Ela está morta?
— Está. Foi
encontrada morta na cama esta manhã. Morreu dormindo, diz o médico. Não
acredita em morte natural, embora sua saúde fosse bastante precária. O seu
palpite é de ENVENENAMENTO POR NARCÓTICO. A autópsia será hoje de noite.
(Convite para
um Homicídio)
GÁS VENENOSO
Eles falaram da Guerra, de explosivos,
de GASES VENENOSOS. Eastney tinha muito a dizer sobre estes últimos, pois, na
maior parte da guerra, ele ficou envolvido no manufaturamento deles. Mr
Satterthwaite o achou muito interessante. Havia um gás, disse Eastney, que
nunca fora experimentado. Esperava-se muita coisa dele. Um gás que era mortal.
(A Face de Helena)
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