quinta-feira, 19 de maio de 2016

LIVROS & ENTRELINHAS – O FASCINANTE E PERIGOSO MUNDO DOS VENENOS (parte 5)





AGATHA  CHRISTIE:  A  RAINHA  DOS VENENOS  
(parte 5)








O veneno tem um certo atrativo... Não demonstra a brutalidade da bala de revólver ou do golpe de algum instrumento.


(Mr. Restarick em Um Passe de Mágica)


Nesta 5ª e última parte da série de artigos sobre os venenos utilizados por Agatha Christie para liquidar suas vítimas, apresento alguns fatos e curiosidades acerca dos venenos restantes que aparecem nas obras da escritora.



Mas se você perdeu alguns dos artigos anteriores, não deixe de clicar nos links abaixo para mergulhar a fundo no FASCINANTE e perigoso mundo dos venenos da Rainha do Crime!


Parte 1 – Os TOP 5 venenos mais utilizados por Agatha Christie: 
 



Parte 2 – Os venenos que não são comuns de serem usados como arma de assassinato e os venenos curiosos ou inusitados:
 



Parte 3 – Os medicamentos que podem ser mortais – a polêmica sobre alguns venenos que Agatha Christie teria inventado:
 



Parte 4 – As plantas perigosas e os venenos delas derivados e os casos de morte em que o veneno não foi informado:
http://agathachristieobraeautora.blogspot.com.br/2016/05/curiosidades-o-jardim-de-venenos-de.html





O  INTRIGANTE  MUNDO  DOS  VENENOS





CARBÚNCULO  ou  ANTRAZ









— Deixe-me ver. Foi há três anos? Não, mais.
— Quatro ou cinco, acho eu. Que mulher mais desequilibrada! Dei graças a Deus quando foi embora pro exterior. O Dr. Roberts também. Ela pregava as mentiras mais horrorosas ao marido; como sempre fazem, aliás. O coitado ficava fora de si; chegou até a adoecer. Morreu de antraz, sabe? Um pincel de barba infeccionado.


(Cartas na Mesa)


O carbúnculo ou antraz ganhou fama mundial quando foi utilizado como atentado a autoridades norte-americanas na forma de um pó que contaminava imediatamente a pessoa quando abria um envelope de correspondência. Trata-se de uma bactéria que afeta especialmente os animais e pode ser transmitida aos humanos quando entram em contato com eles.



Agora uma curiosidade de ordem muito pessoal: os leitores que conhecem a região do Norte Fluminense (norte do Estado do Rio de Janeiro), especialmente as cidades de Campos dos Goytacazes e de Macaé, sabem que é comum por lá uma expressão bem antiga de interjeição: Ih, cabrunco! E também é comum se referir a alguém simplesmente como cabrunco. Adivinha qual é a origem de cabrunco?






ÁCIDO   CLORÍDRICO










Não vou entrar em detalhes. O envenenamento com uma forte dose de ÁCIDO CLORÍDRICO (que foi o que se constatou depois) produz uma das mortes mais dolorosas que se conhecem. Quando me debrucei para lhe aplicar a injeção, ela fez um esforço sobre-humano para falar mas só logrou emitir um horrível murmúrio estrangulado.


(Morte na Mesopotâmia)


Normalmente utilizada como reagente químico, o ácido clorídrico – HCl – é um dos ácidos que se ioniza completamente em solução aquosa. É uma substância que queima a pele facilmente, e o fato curioso é que ele é encontrado no estomago, uma vez que os sucos digestivos estomacais consistem em uma mistura diluída de acido clorídrico e outras enzimas.



Apareceu em Morte na Mesopotâmia







ÁCIDO   OXÁLICO








Pobre moça, foi horrível! Não puderam fazer nada por ela. Morreu no hospital algumas horas mais tarde.

— E o que foi? Tinta de chapéu?

— Sim. Envenenamento por ÁCIDO OXÁLICO, disseram eles. A garrafa tinha mais ou menos o mesmo tamanho da de xarope. Essa foi encontrada na pia. A de tinta estava ao lado de Amy. Ela deve ter apanhado a garrafa errada no escuro.


(É Fácil Matar)


O ácido oxálico é um componente orgânico de fórmula H2C204 na forma de uma substância cristalina e sólida que se dissolve na água. Ingestão de altas doses ou contato constante com a pele pode ser fatal. Apareceu em É Fácil Matar.





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 VENENOS   NÃO  INFORMADOS









Em algumas ocasiões, Agatha Christie se referia a alguma morte por envenenamento ou a algum tipo de veneno mortal, mas não dizia exatamente qual era. Selecionei três destas ocorrências: em E no final, a morte; Convite para um Homicídio; e no conto A Face de Helena







VENENO  NO  VINHO  E  DE  USO  TÓPICO










— É uma sorte que Yahmose tenha bebido muito menos do VINHO ENVENENADO. Ele bebericava seu vinho ao passo que seu filho Sobek parece que o bebeu todo de um só gole.(...)

— E o vinho estava mesmo envenenado?

— Não existe dúvida a respeito disso, Imhotep. O resíduo foi testado pelos meus jovens assistentes; todos os animais que o ingeriram morreram mais ou menos instantaneamente.

[...]

De súbito, vinda de algum lugar no passado, uma fugidia lembrança clareou-lhe as ideias. A pele tonsurada de uma ovelha... um bocado de gordura... uma experiência de seu pai para demonstrar que alguns VENENOS podiam ser absorvidos pela pele. 


(E no final, a morte)






ENVENENAMENTO  POR  NARCÓTICO








— Ela queria tomar uma aspirina. Aparentemente, apanhou alguns comprimidos num vidro que estava na mesinha de cabeceira. Ela apanhou dois, e deixou um. O médico está mandando esse que sobrou para análise. Ele tem certeza de que não é aspirina.

— Ela está morta?

— Está. Foi encontrada morta na cama esta manhã. Morreu dormindo, diz o médico. Não acredita em morte natural, embora sua saúde fosse bastante precária. O seu palpite é de ENVENENAMENTO POR NARCÓTICO. A autópsia será hoje de noite.


(Convite para um Homicídio)







GÁS  VENENOSO







Eles falaram da Guerra, de explosivos, de GASES VENENOSOS. Eastney tinha muito a dizer sobre estes últimos, pois, na maior parte da guerra, ele ficou envolvido no manufaturamento deles. Mr Satterthwaite o achou muito interessante. Havia um gás, disse Eastney, que nunca fora experimentado. Esperava-se muita coisa dele. Um gás que era mortal.


 (A Face de Helena)




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