terça-feira, 13 de junho de 2017

Poirot: Bigodes & Bengala - POIROT NOS DÁ 6 MOTIVOS PARA SE MATAR ALGUÉM



HERCULE POIROT:

ALGUNS  BONS  MOTIVOS  PARA  SE  COMETER  UM  HOMICÍDIO








Depois de tantos anos – (praticamente uma vida inteira!) –solucionando os mais intricados crimes de homicídio, há de se imaginar que Hercule Poirot tenha adquirido um bom conhecimento acerca de tudo que envolve assassinatos. Elementos que envolvem uma boa trama de crime e mistério como vítima, cúmplice, assassino, arma, modus operandi: todos estão interligados e recheiam uma boa história de crime e mistério.

Porém, um elemento se localiza na base de tudo: o motivo. Tudo começa com o motivo – de preferência, um bom motivo. É a partir dele que o assassino começa a idealizar o homicídio, a arquitetar um plano, a tecer uma trama.

* Obs.: Todas as citações de Poirot foram extraídas de A Casa do Penhasco.






Kenneth Branagh como Hercule Poirot




Quantas  espécies  de motivos  existem que  justifiquem um  homicídio?”


(Poirot)


Metódico e organizado como era, Poirot sabia que a forma mais eficiente de se investigar um homicídio era começando do começo – ou seja, suscitando os possíveis motivos. Foi assim que, em A Casa do Penhasco, o genial detetive nos brinda com sua análise pessoal acerca dos motivos para se cometer um assassinato.

Inicialmente, Poirot levanta duas categorias opostas de HOMICÍDIO:



por IMPULSIVIDADE    versus    a SANGUE-FRIO 

                                                           

IMPENSADO   versus    com PLANEJAMENTO



De um lado, o assassinato POR IMPULSIVIDADE, cometido a partir de um ímpeto qualquer, em função da oportunidade e da ocasião favoráveis, sendo geralmente improvisado e realizado por meio dos recursos disponíveis na ocasião. Via de regra, está ligado a uma intensa questão psicológica, a qual exige ou remete a uma ação violenta, rápida e impensada.

É o que Poirot denomina de: impulso momentâneo ou privação temporária dos sentidos. Mas não é nesse tipo de assassinato que o detetive está interessado.

De outro lado, o assassinato A SANGUE FRIO, entendido como resultado de uma elaboração detalhada, ou seja, cometido através de planejamento cuidadoso. Fruto de uma mente racional, trata-se daquele homicídio cujas etapas de execução foram trabalhadas pacientemente.

É por este tipo de homicídio que Poirot se interessa: o assassinato cometido de propósito, de forma deliberada.









“QUE  MOTIVOS  PODERIAM  LEVAR  ALGUÉM  A  COMETER  UM
 
HOMICÍDIO  DELIBERADO  COMO  ESSE?”

(Poirot)




Respondendo sua própria pergunta, Poirot suscita os seguintes MOTIVOS para que se cometa um assassinato:



1- “Bem, a primeira ideia que ocorre é LUCRO.” (Poirot)

Quem lucraria com a morte de alguém costuma ser a primeira pergunta que o detetive belga faz a si mesmo. Conforme pondera Poirot, o lucro pode vir direta ou indiretamente, de modo que, nem sempre o herdeiro imediato é necessariamente a única pessoa a se beneficiar com o homicídio. Em todo caso, alguma forma de lucro ou vantagem o assassino sempre tem ou espera ter, pois, do contrário, não valeria a pena o risco.




2- “Que outro motivo há?  ÓDIO? AMOR que se transformou em ódio?" (Poirot) 


De acordo com a conclusão de Poirot, em qualquer um dos casos, trata-se de um crime passional. Ele descreve, inclusive, um cenário (um tanto quanto melodramática, como nota o Cap. Hastings) no qual um homem perdidamente apaixonado, porém, rejeitado ou relegado a segundo plano por sua amada, preferiria matá-la a ter que vê-la casada com outro. 













3- “Certas pessoas podem ser levadas a cometer crimes em casos assim de AMOR ARRAIGADO À TRADIÇÃO familiar.” (Poirot)


Uma outra forma de homicídio por amor, no entanto, sem vestígios de crime passional, seria o amor ao orgulho, à tradição e ao passado. Segundo explica Poirot, trata-se daquele caso em que o assassino mata alguém com o objetivo de manter intacto e na família um determinado lugar – provavelmente uma mansão, que teria sido o lar de seus ancestrais por décadas ou séculos.




4- “Outro motivo para um crime: CIÚME.” (Poirot)

De cara, nos avisa Poirot: Separo ciúme de amor, porque ciúme pode não ser necessariamente uma emoção sexual. Mais adiante, o detetive no lembra que há várias formas de ciúmes, os quais podem ser provocados pelos mais variados motivos.











5- “Existe a INVEJA: inveja da fortuna de alguém, inveja do poder.” (Poirot)

A inveja como motivo para assassinato é autoexplicativa: o homicida deseja obter para si aquilo que pertence ao assassinado.

O interessante é que, ao falar da inveja como motivo para se cometer um homicídio, Poirot nos lembra Iago, personagem de Othello, tragédia de Shakespeare. Iago era um vilão e, segundo Poirot, cometeu um dos crimes “mais inteligentes do ponto de vista profissional”: Iago conseguiu que outras pessoas cometessem o crime por ele, de modo que, para todos os efeitos, ficou com as mãos limpas.




6- “Por fim, há o MEDO.” (Poirot)

Em minha opinião, o medo é um dos sentimentos mais perigosos que há, pois é por natureza autodestrutivo. Poirot, ao ponderar sobre o medo como motivo em potencial para se cometer um homicídio, sugere uma hipótese na qual o morto saberia de um segredo grave do assassino, algo que poderia lhe arruinar a vida, e, por medo terrível de que esse segredo fosse revelado, o homicida mata a vítima para silenciá-la. 





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Importante ressaltar que esta classificação de Poirot não pretende extinguir todas as possibilidades de motivos para se cometer um homicídio. Com facilidade,  podemos pensar em outros motivos. A vingança, por exemplo. Ou o desejo de fazer justiça com as próprias mãos

O próprio Hercule Poirot já desvendou casos em que os motivos eram outros. Afinal, a criatividade dos assassinos de Agatha Christie parece quase ilimitada – como a da própria escritora, sempre apta a nos surpreender na próxima página!


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