quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Crimes & Culinária - JANTANDO NA CASA DE AGATHA




Charlotte de morangos


Desta vez, para a seção mais gostosa desta blogazine, Crimes & Culinária, não busquei inspiração na obra de Agatha Christie, mas, sim, em sua “Autobiografia”.


Não é por pura coincidência, como os leitores da escritora facilmente percebem, que as refeições são uma constante em seus livros, sejam cotidianos cafés da manhã, sejam sofisticados jantares, nestes últimos, onde os pratos são descritos com muito conhecimento de causa.


Pudin Diplomatique de frutas vermelhas


Ocorre que, na casa onde a pequena Agatha cresceu, os jantares formais, para vários talheres e com uma cuidadosa seleção de pratos nobres, eram uma constante:


A alimentação servida a nossos hóspedes era incrivelmente opulenta, comparada com os padrões de hoje — e, na realidade, tinha que haver uma cozinheira e uma ajudante para produzir tudo aquilo! Encontrei por acaso, outro dia, o cardápio de um dos nossos jantares (para dez pessoas). Começava com uma escolha entre duas sopas: caldo ou creme. Depois havia rodovalho cozido ou filé de linguado. A seguir um sorvete. Depois carneiro. Depois, inesperadamente, maionese de lagosta. Pudin diplomatique e Charlotte russe eram os doces.

(Agatha Christie em sua “Autobiografia”)


Bolo Charlotte de frutas vermelhas


Ao me deparar com esta passagem da “Autobiografia”, fiquei encantada ao descobrir que as sobremesas “chiques” servidas nos jantares na casa de infância de Agatha são duas das minhas prediletas: a Charlotte Russe, no Brasil conhecida apenas como “Charlotte”, e o Pudin Diplomatique, em francês, também conhecido como “Diplomat Pudding” na seara inglesa. São duas sobremesas sensacionais!




CHARLOTTE  RUSSE:  BELEZA  E  ELEGÂNCIA  QUE  SE  COME



Charlotte Russe tradicional


Também chamada de Charlotte Royale, a belíssima sobremesa tem uma história controversa, com a Rússia e a Inglaterra disputando sua origem – aliás, como bem cabe a uma preciosidade deliciosa, linda e delicada como ela.

De acordo com a versão russa, a Charlotte Russe foi criada no século XIX pelo Chef e patissier francês Marie-Antoine Carême (1784-1833), na cidade de São Petersburg, sob o nome de “Sharlotka” como um presente para a família imperial do Czar Alexandre I.



Charlotte de chocolate


Já a versão inglesa alega que a sobremesa foi criada no começo do século XIX em homenagem à Rainha Charlotte da Inglaterra, esposa do Rei George III, e que o patissier francês Marie-Antoine Carême  teria adaptado a receita original inglesa, feita com brioches e compota de frutas, usando biscuits à la cuillère e recheio de bavaroise (creme típico da Baviera, sul da Alemanha, semelhante a mousse com gelatina).

Seja como for, o fato é que 9 entre 10 pessoas pensam que a Charlotte Russe não é nem russa, nem inglesa, mas, sim, francesa! E eu penso simplesmente que ela é maravilhosa.



Pudin Diplomatique de frutas vermelhas



Originalmente, pão dormido e mergulhado em manteiga era usado como revestimento ou suporte de um molde, o qual é preenchido com um purê de frutas ou creme. Atualmente, usa-se pão de ló, camadas de pão ralado, biscoitos ou bolo de esponja (“ladyfingers”). O recheio pode ser coberto com uma fina camada de gelatina, geleia, ganache ou chocolate derretido, e decorado com frutas frescas, nozes, doces e balas.



Pudin Diplomatique de limão


Há centenas de variedades de Charlotte Russe e milhares de receitas facilmente encontradas na internet. Então, basta-nos aproveitar e nos deliciarmos!



PUDIN  DIPLOMATIQUE: ELEVANDO  O  PUDIM  A  OUTRO  NÍVEL



Pudin Diplomatique


Camadas de texturas misturadas, com a crocância do pão e a cremosidade do crème anglaise, o Pudin Diplomatique já seria delicioso assim mesmo. Mas, só para ficar maravilhoso, passas embebidas em rum quente se juntam a esta delícia de pudim assado!


Pudin Diplomatique


Popular sobremesa na Hungria, o Pudin Diplomatique foi servido pela primeira vez em 1908 em uma conferência na Bósnia. É nomeado assim, pois constitui uma parte importante dos menus das conferências diplomáticas.

Também se pode encontrar dezenas de receitas de na internet, desde a tradicional até as variações, mas todas prometem ser deliciosas!



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