Abre-te, Portal para o Mistério!
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Um dos Portões de Damasco |
Agatha Christie frequentemente nos brinda com ótimas referências em suas obras, sempre conectadas de algum modo com a trama de mistério desenvolvida. Portal do Destino (Postern of Fate), que traz mais uma aventura de Tommy e Tuppence Baresford, não foge à regra.
Portal do Destino é o nome de um dos oito portões da cidade de Damasco, Síria. O poeta inglês James Elroy Flecker (1884-1915) fala destes portões em sua obra Portais de Damasco (Gates of Damascus), e foi justamente um trecho deste poema que Agatha Christie reproduz em seu livro: aquele que fala de seus guardiões dos tais portões de Damasco.
Porém, a autora não reproduziu todos os versos desse trecho: ela apenas pinçou quatro deles. É certo que os versos escolhidos por nossa escritora são aqueles essenciais para ilustrar o enredo. Todavia, o curioso é que nos outros que ela pulou, aparece uma metáfora um tanto, digamos, assim, repleta de malícia – e Dame Agatha, sabemos muito bem, como uma verdadeira Lady e como uma mulher de seu tempo, não gostava de utilizar este tipo de malícia em sua obra..
Gates of Damascus (James Elroy Flecker)
Four great gates has the city of Damascus
And four Great Wardens, on
their spears reclining,
All day long stand like
tall stone men
And sleep on the towers
when the moon is shinning.
This is the song of the
East Gate Warden
When he locks the great
gate and smokes in his garden.
Postern
of Fate, the Desert Gate, Disaster’s Cavern, Fort of Fear,
The Portal of Baghdad am I,
and Doorway of Diarkbekir.
The Persian Dawn with new
desires may net the flushing mountain spires:
But my gaunt buttress still rejects the suppliance of those mellow fires.
But my gaunt buttress still rejects the suppliance of those mellow fires.
Pass not beneath, O Caravan, or pass not singing. Have you heard
That silence where the birds are dead yet something pipeth like a Bird?
São quatro as portas de Damasco
E quatro são os Grandes Vigilantes, suas lanças
abaixadas,
O dia todo ficam de pé como altos homens de pedra
E dormem nas torres quando a lua brilha.
Esta é a canção do vigilante do Portão do Leste
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Ruínas de um dos Portões de Damasco |
Quando ele tranca o grande portão e fuma um cigarro em seu jardim.
O Portal do Destino, a Entrada do Deserto, a Caverna da Tragédia, o Forte do Medo...
O Portal de Baghdad eu sou, e a Passagem de Diarkbekir.
A madrugada persa com novos anseios se aninhará nos pináculos ruborizados da montanha
Mas meu cansado pilar ainda rejeita os caprichos deste ardor juvenil.
Não passa, Caravana, ou passa sem cantar. Você já ouviu
Naquele silêncio onde os pássaros parecem mortos, ainda assim alguma coisa pia como um pássaro?
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