sexta-feira, 19 de julho de 2013

Poirot: Bigodes & Bengala - A Batalha que as Células Cinzentas Perderam


AS CÉLULAS  CINZENTAS  
X
O  CORAÇÃO


Poirot nunca se casou. Mas isto não significa que não tenha sido capaz de amar uma mulher. Ah, sim, nosso querido detetive se apaixonou perdidamente uma vez. 
O nome daquela que lhe roubou o coração: Condessa Vera Rossakoff.



Kika Markham como Condessa Rossakoff



Há um pouco de confusão sobre onde Poirot a teria conhecido, mas o fato é que ambos se encontraram pela primeira vez no início dos anos de 1920 no conto: The Double Clue – A Pista em Duplicado. Poucos anos mais tarde, em 1927, eles se reencontraram no livro Os Quatro Grandes – The Big Four, onde a Condessa Rossakoff desempenha um papel crucial no desenrolar da trama. A confusão ocorre porque Os Quatro Grandes foi escrito a partir de uma série de contos reorganizados na forma de um livro.


Unanimidade existe mesmo no fato de que o grande amor da vida de Poirot é envolta em mistérios. E o que pode ser mais atraente para Poirot do que um enigma - ou uma mulher enigmática? A Condessa alega ter sido um membro da aristocracia russa antes da Revolução, e, em função disso, teria sofrido demasiadamente após a decadência de sua família. Hum, mas o que há de verdade nesta triste estória? Não se sabe ao certo. Nem mesmo o próprio Poirot ficou tão convencido disso, pois, mais de uma vez, reconhece que a Condessa Rossakoff já havia contado versões variadas de sua vida na juventude.


David Suchet como Hercule Poirot


Certeza tem-se de duas coisas: 1º, quando Poirot a conheceu, ela era uma glamorosa ladra de joias; e 2º, glamour é a palavra mais adequada para descrevê-la. A começar por Hastings, o fiel amigo de Poirot, que resume Vera Rossekoff como um redemoinho em forma humana, uma mulher grande e fascinante como um flamboyant. O desvio de caráter (por assim dizer) que levava a Condessa a roubar joias não foi suficiente para impedir Poirot de se apaixonar perdidamente por ela.


Que mulher! Mon Dieu, quelle femme! - profere um entusiasmado Poirot, completamente hipnotizado. Uma mulher em mil – em um milhão! – exclama o detetive, lhe debulhando elogios. A elegante mulher, que desfilava com altivez e ares de nobreza pelos salões da alta sociedade, tinha a habilidade de seduzir os homens sem o menor esforço, bastando o charme de sua risada e seu olhar sensual e enigmático para tanto. Mesmo em relação aos seus desafetos, ela causava uma forte impressão por onde passava. Não é à toa que Poirot ficou tão encantado por ela que a deixou escapar da justiça propositadamente.



Condessa Rossakoff e Poirot

O poder de sedução e as artimanhas do amor detém uma força poderosa. Quem é perdidamente apaixonado que o diga! Por toda a vida, Poirot carregou consigo sua paixão pela Condessa Rossakoff. Certa vez, em Os Trabalhos de Hércules - Labors of Hercule, diante do olhar crítico de sua secretária, Miss Lemon, devido ao preço absurdo por um buquê de rosas vermelhas, respondeu-lhe um Poirot com ares de quem está flutuando nas nuvens que há momentos na vida em que não se economiza. 

Nosso querido detetive, tão afeiçoado à frieza da lógica e do método, tão acostumado a resolver os mais engenhosos crimes e desvendar os mais obscuros mistérios, tão orgulhoso de sua capacidade apurada de dedução, tão habituado controlar os fatos e a ser o mestre da situação, não foi capaz de resistir ao poder dos encantos de uma mulher.

Este foi um caso de roubo - o do seu próprio coração - que Poirot jamais resolveu.  Parece mesmo, afinal, que as células cinzentas acabaram perdendo para o coração.





2 comentários:

  1. Adoro Agatha Christie! Estou, agora,vendo a serie com David Suchet e vi a menção a condessa, por isso, parei aqui em seu Blog. Parabéns! Muito bom mesmo!!!��������

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  2. Muito obrigada! Escrevo com muito carinho a partir de minhas pesquisas sobre tudo relacionado à AC. Seja sempre muito bem-vinda à minha Blogazine!

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