AS CÉLULAS CINZENTAS
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O CORAÇÃO
Poirot nunca se casou. Mas isto não significa que não tenha sido capaz
de amar uma mulher. Ah, sim, nosso querido detetive se apaixonou perdidamente
uma vez.
O nome daquela que lhe roubou o coração: Condessa Vera Rossakoff.
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Kika Markham como Condessa Rossakoff |
Há um pouco de confusão sobre onde Poirot a teria conhecido, mas o fato é que ambos se encontraram pela primeira vez no início dos anos de 1920 no conto: The Double Clue – A Pista em Duplicado. Poucos anos mais tarde, em 1927, eles se reencontraram no livro Os Quatro Grandes – The Big Four, onde a Condessa Rossakoff desempenha um papel crucial no desenrolar da trama. A confusão ocorre porque Os Quatro Grandes foi escrito a partir de uma série de contos reorganizados na forma de um livro.
Unanimidade existe mesmo no fato de que o grande amor da vida de Poirot é envolta
em mistérios. E o que pode ser mais atraente para Poirot do que um enigma - ou uma mulher enigmática? A
Condessa alega ter sido um membro da aristocracia russa antes da Revolução, e,
em função disso, teria sofrido demasiadamente após a decadência de sua família.
Hum, mas o que há de verdade nesta triste estória? Não se sabe ao certo. Nem
mesmo o próprio Poirot ficou tão convencido disso, pois, mais de uma vez,
reconhece que a Condessa Rossakoff já havia contado versões variadas de sua
vida na juventude.
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David Suchet como Hercule Poirot |
Certeza tem-se de duas coisas: 1º, quando Poirot a conheceu, ela era uma glamorosa ladra de joias; e 2º, glamour é a palavra mais adequada para descrevê-la. A começar por Hastings, o fiel amigo de Poirot, que resume Vera Rossekoff como um redemoinho em forma humana, uma mulher grande e fascinante como um flamboyant. O desvio de caráter (por assim dizer) que levava a Condessa a roubar joias não foi suficiente para impedir Poirot de se apaixonar perdidamente por ela.
Que mulher! Mon Dieu, quelle femme! - profere
um entusiasmado Poirot, completamente hipnotizado. Uma mulher em mil – em um milhão! – exclama o detetive, lhe debulhando elogios.
A elegante mulher, que desfilava com altivez e ares de nobreza pelos salões da
alta sociedade, tinha a habilidade de seduzir os homens sem o menor esforço,
bastando o charme de sua risada e seu olhar sensual e enigmático para tanto. Mesmo
em relação aos seus desafetos, ela causava uma forte impressão por onde
passava. Não é à toa que Poirot ficou tão encantado por ela que a deixou
escapar da justiça propositadamente.
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Condessa Rossakoff e Poirot |
O poder de sedução e as artimanhas do amor detém uma força poderosa. Quem é perdidamente apaixonado que o diga! Por toda a vida, Poirot carregou consigo sua paixão pela Condessa Rossakoff. Certa vez, em Os Trabalhos de Hércules - Labors of Hercule, diante do olhar crítico de sua secretária, Miss Lemon, devido ao preço absurdo por um buquê de rosas vermelhas, respondeu-lhe um Poirot com ares de quem está flutuando nas nuvens que há momentos na vida em que não se economiza.
Nosso querido detetive, tão afeiçoado à frieza da lógica e do método, tão acostumado a resolver os mais engenhosos crimes e desvendar os mais obscuros mistérios, tão orgulhoso de sua capacidade apurada de dedução, tão habituado controlar os fatos e a ser o mestre da situação, não foi capaz de resistir ao poder dos encantos de uma mulher.
Este foi um caso de roubo - o do seu próprio coração - que Poirot jamais resolveu. Parece mesmo, afinal, que as células cinzentas acabaram perdendo para o coração.
Adoro Agatha Christie! Estou, agora,vendo a serie com David Suchet e vi a menção a condessa, por isso, parei aqui em seu Blog. Parabéns! Muito bom mesmo!!!��������
ResponderExcluirMuito obrigada! Escrevo com muito carinho a partir de minhas pesquisas sobre tudo relacionado à AC. Seja sempre muito bem-vinda à minha Blogazine!
ResponderExcluirObrigada por responder a minha pergunta! Leio muito Agatha Christie, e sempre quis saber se Poirot já tinha estado em algum relacionamento.
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