quinta-feira, 11 de julho de 2013

Poirot: Bigodes & Bengala - O Funcionamento das Células Cinzentas


Lupa e Pegadas   ou  

Poltrona e uma Xícara de Chá?


David Suchet como Poirot

No final, quando já estamos tontos com tantas pistas falsas, confusos com acontecimentos inesperados, tomados de ansiedade, morrendo de curiosidade, ele reúne todos os envolvidos em um único cômodo, e, metodicamente, como quem desembrulha com cuidado um precioso pacote de presente, ele vai explicando todo o tortuoso caminho que seu raciocínio seguiu até a solução do problema, e, finalmente, com ênfase teatral, ele revela à audiência atônita quem é o assassino.

Pronto: podemos enfim recostar na cadeira e respirar aliviados. As famosas células cinzentas de Hercule Poirot resolveram mais um mistério.



Parabéns para mim mesmo!

Desde o início, em O Misterioso Caso de Styles – The Mysterious Affair at Styles, Poirot, sem modéstia, já parabenizava suas próprias células cinzentas tanto quanto elogiava a ordem e o método – duas expressões que se agregariam ao seu vocabulário até o fim. Os métodos investigativos de Hercule Poirot baseavam-se no raciocínio acima de tudo. Daí, o mais famoso detetive criado por Agatha Christie denominar a si mesmo de um detetive psicológico.




Holmes: o Cão Farejador


Em Assassinato no Campo de Golfe – Murder on the Links, Poirot faz troça de um rival chamando-o de detetive cão-farejador, pois este rastreava pistas a procura de pegadas, marcas de dedos e cinzas de cigarro, em uma clara alusão ao estilo de outro famoso detetive, Sherlock Holmes, criação de Sir Conan Doyle.

Caminhar a passos atentos recurvado sobre uma lupa ou reclinar-se confortavelmente em uma poltrona diante do crepitar da lareira? Poirot não era obcecado pela cena do crime. Preferia se concentrar ou em desvendar a natureza da vítima, ou em decifrar a psicologia do assassino. Ou então em ambos.

Nos primeiros casos de Poirot, todavia, ainda muito influenciada pelo mesmo Sherlock Holmes a quem alude com bom humor, Agatha Christie não consegue afastá-lo completamente da velha rotina da procura de pistas. De qualquer forma, estas pistas irão servir como alimento para sua imaginação e provocar o funcionamento das células cinzentas. Ou seja: no final, dá tudo no mesmo.


David Suchet como Poirot

O Detetive Psicológico

Em pouco tempo, porém, Poirot se firma como essencialmente um detetive psicológico. Em suas próprias palavras:

Mon ami, o que pretende? Você me encara com um olhar semelhante à devoção de um cão e espera que eu faça um pronunciamento a la Sherlock Holmes!

O método investigativo de Poirot se resume, portanto, na coleta de dados sobre as pessoas envolvidas para que depois as células cinzentas organizem todas as informações, as analisem e produzam uma resposta para o problema. Simples assim! Ou não...



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