ENTRE DOIS PONTOS HÁ UMA
LONGA LINHA SINUOSA.
O que levou Agatha Christie a se tornar uma escritora
de romances de crime e suspense?
Agatha Christie |
Seja quando nos tornamos fãs da escritora, seja qualquer outra pessoa que sabe de sua fama mundial como a Rainha do Crime, em dado momento nos fazemos esta pergunta, não é mesmo? Bem, confesso que este está longe de ser um caso misterioso: qualquer resumo básico a respeito de Agatha Christie – destes os encontrados na orelha de um livro até em um anúncio de DVD, passando pelas resenhas promocionais publicadas pelas editoras, – todos vão responder a questão dizendo que: ou foi por conta de uma aposta que ela fez com sua irmã Madge, ou que foi porque aprendeu sobre medicamentos e venenos no tempo em que trabalhou como enfermeira voluntária, ou ainda pelas duas coisas.
Mas, e o que a própria Agatha Christie tem a dizer sobre isso? Como foi que os acontecimentos foram se desenrolando e se confluindo e direcionando sua vida para este caminho? Mais importante: como é que ela mesma vivenciou, experimentou tais acontecimentos?
Pesquisei na Autobiografia – (Quer melhor fonte de sua própria voz e de seus pensamentos do que esta?) – e vejam que interessante o que encontrei: como ela era modesta e não se aproveitava do sucesso para se vangloriar, como era por vezes sensata e, por outras, contraditória. Enfim, como Agatha Christie era uma mulher absolutamente normal: esposa, mãe, sofrida, feliz, insegura, satisfeita - e, ao mesmo tempo, uma escritora simplesmente genial!
Ordenei os fatos pela ordem cronológica conforme a própria escritora nos responde, então, a antiga pergunta - como Agatha Christie se tornou escritora de contos de crime e mistério - por ela mesma:
Agatha Christie jovem |
Reminiscências
e franqueza:
(3ª Parte: Entrada na Adolescência)
Pessoalmente, eu não possuía ambição. Sabia que não era de primeira classe em coisa alguma. Gostava de praticar tênis e cricket, mas nunca fui boa jogadora. Seria muito mais interessante se pudesse dizer que sempre ambicionara vir a ser uma escritora e que estava decidida a, um dia, alcançar êxito. Honestamente, porém, essa ideia jamais me passou pela cabeça.
Foi quando trabalhava no dispensário que concebi a ideia de escrever uma história policial. Essa ideia permanecia em minha mente desde o tempo em que Madge me desafiara a escrevê-la – e meu atual trabalho parecia oferecer a oportunidade favorável. Ao contrário da enfermagem, onde sempre havia o que fazer, o serviço do dispensário tinha períodos muito atarefados e outros mais frouxos. (...) Comecei a considerar que espécie de história policial poderia escrever. Visto que estava rodeada de venenos, talvez fosse natural que selecionasse a morte por envenenamento. (...) Depois tratei da dramatis
personae. Como? Por quê? E tudo mais. (...) Naturalmente, teria que aparecer um detetive. (...) Ele teria que ter um amigo íntimo, uma espécie de ator coadjuvante – não seria tão difícil assim! Retornei a meus pensamentos a respeito dos outros personagens. Quem seria assassinado? (...) Continuei brincando com essa ideia por algum tempo. Pedacinhos dessa estória começaram a crescer. Visualizei o assassino. Teria aspecto sinistro. (...) Não era fácil encontrar tempo, mas consegui. (...) Terminei a última metade do livro, ou quase, durante os meus 15 dias de férias. Claro que foi o final. Depois tive que reescrever grande parte do livro – principalmente porque ali pelo meio a coisa se complicava demais. Enfim terminei e estava razoavelmente contente. Quer dizer, o livro estava mais ou menos conforme eu tivera a intenção de fazer. Poderia ser muito melhor, isso eu própria percebia, só que não sabia como fazer melhor, de modo que o deixei como estava. (...) Enviei-o a um editor – Hodder e Stoughton – que o devolveu. Foi uma recusa formal, sem quaisquer rodeios. Não fiquei surpreendida – não esperava êxito; n entanto, enviei-o a outro editor.
(7ª Parte: A Terra da Alegria Perdida)
Foi nesse momento que deixei de ser amadora e passei a profissional. Assumi o encargo de uma profissão que consiste em escrever, mesmo quando não sentimos vontade, não gostamos do que estamos escrevendo e sentimos que não estamos escrevendo especialmente bem.
Agatha Christie |
(8ª Parte: Segunda Primavera)
Agora ia ganhando confiança em que escrevia e achava que não teria dificuldade em produzir um livro por ano e, possivelmente, também alguns contos. A parte mais agradável para mim neste tempo estava diretamente relacionada com o dinheiro. (...) Que diferença dos últimos 10 ou 20 anos da minha vida! Nunca sei quanto devo. Nunca sei quanto dinheiro possuo. (...) A minha obra começava a sair em folhetins nos EUA, e o dinheiro que recebia de lá, além de ser muito mais do que estava acostumada a receber pelos direitos autorais de folhetins na Inglaterra, era livre de impostos.
Acho que nessa altura eu ainda não me considerava um escritor ‘bona fide’. Escrevia, sim, livros e estórias. Os meus trabalhos eram publicados e começava a costumar-me ao fato de
poder contar com uma fonte de rendimento segura. Quando porém eu tinha que preencher algum formulário e chagava a linha que tinha que indicar a minha profissão, nunca me ocorria escrever nada que não fosse a antiga e honesta fórmula: ‘mulher casada.’ Eu era uma mulher casada, esse era o meu status e essa era a minha ocupação. Como passatempo, escrevia livros. Nunca conferi honras de ‘carreira’ ao fato de escrever livros. (...)
Gostaria de ser uma boa
escritora de livros policiais, sim, e realmente, por essa altura, tinha a
vaidade de pensar que era uma boa escritora de livros policias.
Agatha Christie
MÊS AGATHA CHRISTIE
Parabéns pelo post e pelo blog ! Conheça e compartilhe nosso humilde blog sobre o mundo de Agatha Christie, criado em 2008, em
ResponderExcluirhttps://acasatorta.wordpress.com/
Já coloquei o seu na nossa lista de links.
Grande abraço !
Tommy Bereford
Blog A Casa Torta - Rumo ao post 1000
Que legal, Tommy Baresford, muito obrigada! Fico feliz que esteja gostando de minha igualmente humilde Revista-blog. Vou acrescentar um link para o seu blog aqui também (não sei se notou, mas mantenho alguns links na parte superior deste.) Ele é ótimo, com muitas informações atualizadas, em uma vertente mais jornalística. Abraços e seja sempre bem vindo!
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