O que a
Rainha do Crime tem a nos dizer
Ouvir a
própria voz de Agatha Christie, que era avessa a badalações e entrevistas, já é uma coisa especial. Ouvi-la então falando de si mesma, de reminiscência da
infância e de sua forma de escrever é, pelo menos para mim, algo emocionante. Por isso, fiz questão de compartilhar esta emoção com todos fixando, na parte superior desta Revista-blog, um link permanente dos arquivos da rádio BBC de Londres
contendo a gravação de uma entrevista que nossa querida escritora concedeu em 1955. Mas, naturalmente, a entrevista está em inglês!
Assim, a fim de que mais fãs de Agatha Christie possam desfrutar da mesma emoção, nesta publicação comemorativa de Especial Setembro: Mês de Aniversário de Agatha Christie, traduzi a entrevista e reproduzo abaixo seus trechos mais
interessantes. Espero que a apreciem tanto como eu!
Agatha Chrsitie |
ENTREVISTA de AGATHA CHRISTIE para a BBC-Londres (1955)
As pessoas costumam perguntar o que me levou a ser escritora. A maioria delas, eu imagino, ficam depois se questionando se devem levar minha resposta a sério, embora ela seja estritamente verdadeira.
Veja, tudo se deveu inteiramente ao fato de
eu não ter tido uma educação formal. (...) Embora eu fosse gloriosamente ociosa
em minha infância, naquele tempo as crianças podiam fazer muitas coisas boas
para si mesmas, (...) como pequenos presentes de Natal para seus amigos. Eu me
vi então inventando estórias e encenando diferentes papeis. Não há nada como o
tédio para lhe fazer escrever.
Assim, quando eu tinha 16 ou 17 anos, eu já
havia escrito uma boa quantidade de contos e um longo e triste romance. Quando
eu completei 21, eu tinha acabado de terminar meu primeiro livro a ser
publicado: O Misterioso Caso de Styles. Eu o enviei a um ou dois editores que o
recusaram, até que ele chegou a John Lane. Aproximadamente um ano depois, eu
soube que ele foi aceito. Bem, foi assim que tudo começou. (...)
Agatha Christie e o ator Anthony Holmes em outra gravação em 1937 |
Qual é o seu método, querem saber eles, os
meus amigos. A verdade decepcionante é que eu não tenho exatamente um método.
Eu datilografo meus próprios rascunhos em uma velha e confiável máquina de
escrever, a qual possuo há anos. (...) Eu acredito que o verdadeiro trabalho
reside em planejar o desenvolvimento de sua estória e se ocupar dele até que
ele saia corretamente. Isto pode levar um bom tempo. Portanto, depois que você
tiver reunido todo o seu material, tudo o que resta é encontrar tempo para
escrever a coisa. Três meses me parecem um tempo razoável para terminar um
livro, se for possível se dedicar imediatamente a ele.
Por outro lado, eu acho que as peças
teatrais ficam melhores se forem escritas rapidamente. Escrever peças é muito
mais divertido do que escrever livros. Você não precisa se preocupar com as
longas descrições dos lugares e das pessoas ou decidir como posicionar seu
material. Você tem que escrever bem rápido, manter a atmosfera e a conversa
fluindo naturalmente. Eu prefiro escrever uma peça teatral como uma peça
teatral. (...) Eu nunca me preocupei muito com o que aconteceria quando outras
pessoas tentassem transformar meus livros em peças. Mas, no final, eu mesma
tive que fazê-lo.
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