ESPECIAL SETEMBRO 2013:
Agora, o Fã é quem fala!
Todo nós, que somos fãs, já
experimentamos esta curiosa trajetória entre o escuro sem graça do período
quando desconhecemos um artista, e o fascinante mundo multicolorido de emoções
que se descortina diante de nós depois que o conhecemos. Sabendo disso, para o
primeiro tema da nova seção desta Revista-blog – Palavras de Fã – convidei
vários fãs de Agatha Christie a responderem em poucas palavras a seguinte
pergunta: como se tornou fã de Rainha do
Crime. O relato de Eugênio Ferreira,
mais um leitor assíduo da Revista-blog e grande fã de Agatha Christie, é o próximo a ser publicado, a seguir.
Quando era criança, eu não era lá
um grande leitor. Não que eu fosse aquele garoto que odeia livros. Mas eu só
costuma ler aquilo que era obrigado devido a escola. De um certo modo, eu associava
a leitura com uma obrigação escolar, uma tarefa, um dever de casa. Assim,
quando tinha algum tempo livre, eu queria mais é jogar bola, andar de
bicicleta, brincar, fazer atividades ao ar livre. Foi na adolescência que eu
comecei a tomar gosto pela leitura, e em especial pelos livros de detetive. Eu
tive esta professora fantástica que achava que os alunos tinham que primeiro
gostar de ler e depois serem forçados a ler aqueles livros que todo jovem acha chato,
e que acaba lhe traumatizando desde a escola. Bem, esta professora deixou que escolhêssemos
dentre uma lista de opções que só incluíam livros legais, juvenis. Dentre eles,
lá estava O Assassinato no Expresso do
Oriente.
A princípio, eu o achei
desinteressante, aquela capa que para mim na época era sem graça. E o que era
esse tal de Expresso do Oriente afinal?
Expresso, que eu sabia naquela época, eram ônibus rápidos para São Paulo. Fugi
daquele livro e escolhi outro. Agora nem me lembro mais qual, mas sei que não
era nenhum da Agatha Christie. O que eu não sabia era que a professora tinha
planos de fazer com que os livros circulassem pela turma, ou seja, mais de um
aluno acabaria lendo o mesmo livro. Assim foi que o tal do Expresso caiu em minhas mão. Fazer o quê, né? Tive que ler. E foi
então que a mágica aconteceu. Me apaixonei! Nunca tinha lido nada tão
excitante, emocionante, de tirar o fôlego! Lembro-me que meus amigos me
chamavam para jogar bola e eu fingia que estava com dor de barriga ou algo assim
e que não poderia sair, mas nada: era só pra ficar lendo o maravilhoso Assassinato no Expresso do Oriente! Ah,
bons tempos aqueles. Fiz meu trabalho para a escola sobre o livro, mas fiquei
com muita pena quando ele acabou. Foi então que outra mágica aconteceu: não é
que tinha mais livros da Agatha Christie para ler? Oba! E não apenas mais um, porém
uns cinco! Ficava ansioso para chegar logo minha vez de ler o próximo. Devorei
todos. Não me lembro bem agora quais eram os outros. Mas, assim que li todos os
cinco livros que a professora trouxe, novamente a tristeza. Até que descobri
que a biblioteca da escola tinha mais! A partir daí, virei um fã. Fui lendo
todos da biblioteca da escola, a escola acabou, fui comprando outros e lendo e
lendo. Nunca mais parei. Hoje, fico relendo, e muitas vezes nem me lembro mais
de quem era o tal assassino. A Senhora Agatha Christie é definitivamente
fantástica. Quase tão fantástica quanto a minha professorinha, aquela que me
fez gostar de ler.
Eugênio Ferreira
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