segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Palavras de Fã - Participação Especial: Zilda Suzuki


 
ESPECIAL  SETEMBRO 2013:
MÊS de ANIVERSÁRIO de

AGATHA CHRISTIE



Agora, o Fã é quem fala!

Todo nós, que somos fãs, já experimentamos esta curiosa trajetória entre o escuro sem graça do período quando desconhecemos um artista, e o fascinante mundo multicolorido de emoções que se descortina diante de nós depois que o conhecemos. Sabendo disso, para o primeiro tema da nova seção desta Revista-blog – Palavras de Fã – convidei vários fãs de Agatha Christie a responderem em poucas palavras a seguinte pergunta: como se tornou fã de Rainha do Crime. Assim, publico a seguir o relato de Zilda Suzuki, mais uma leitora frequente desta Revista-blog e também uma grande fã de Agatha Christie.

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Eu sempre gostei muito de ler. Acho que é porque eu era uma garota tímida, quieta, que gostava de ficar sozinha. Meu pai tinha uma estante enorme na sala repleta de livros, e eu simplesmente pegava um e lia. Ele não se importava nem censurava minha leitura, já que achava que qualquer livro era melhor do que nenhum, e que é sempre muito educativo ler. Às vezes, eu escolhia livros difíceis, que minha cabecinha de menina não conseguia entender, como Rosseau, Tolstoy, Shakespeare, e outros assim. Eu insistia um pouco, mas não tinha a menor graça ficar lendo uma coisa que não dava prazer, e não dava prazer porque eu não entendia nada. Ai, eu devolvia o livro para a estante e pegava outro. Mas, o meu pai não tinha nenhum livro da Agatha Christie. Por isso, eu nem imaginava que ela existia até mais ou menos uns 16 anos de idade.

Certa vez, eu fui escolhida para acompanhar minha irmã mais velha em uma viagem ao interior de São Paulo para o enterro da mãe de seu noivo. Quer coisa mais tediosa do que essa? Nem eu, nem minha irmã conhecíamos muito bem a pobre senhora falecida, e eu mal tinha visto o noivo dela algumas vezes (pra dizer a verdade, ela também não: naquela época e especialmente nas famílias orientais, os namorados se conheciam muito pouco! Era uma coisa doida.) Bem, acontece que por descuido, eu me esqueci completamente de levar alguns livros para passar o tempo ocioso! Ai, meu Deus, ficar hospedada lá na casa da tia do noivo dela, a qual eu nunca tinha visto mais gorda, por 4 dias inteiros sem um livrinho sequer! Um desespero. Porém, para minha grande sorte, essa tal tia gostava muito de ler. E quais livros que ela tinha no meio de tantos outros: Agatha Christie, é claro! Eu peguei muito por acaso um deles para ler e... não consegui mais largar. Fiquei fascinada com o mistério, mas também com a esperteza da danadinha da Miss Marple. Achei incrível como ela conseguia desvendar o mistério sendo só uma velhinha pacata do interior. Eu adorei ver que uma mulher simples do interior com pouca experiência de vida pode ser mais inteligente e mais esperta que a própria policia inglesa. Fiquei encantada.

Quando voltei, pedi ao meu pai para comprar livros da Agatha Christie para mim. Para minha enorme surpresa, ele disse que não sabia quem ela era! Então eu expliquei mais ou menos e ele disse que ia ver o que podia fazer. Na hora, achei que ele não deu muita importância. Hoje eu sei que ele estava só fingindo que não a conhecia. Mas, eis que no meu aniversário, dali a 3 meses, eu ganhei o melhor presente da minha vida até então: uma coleção de livros de Miss Marple. Depois, uma coisa puxou a outra. O tempo passou,conheci meu marido, me casei, tive meus filhos, e não tinha mais tempo para ler. Até que alguns bons anos depois, meu filho mais velho me veio com um livro do Poirot. As memórias voltaram e eu achei o tempo para voltar a ler. E tudo recomeçou, só que agora, eu mesma fui comprando os livros e compartilhando com meu filho. Hoje, somos 4 os grandes fãs dessa escritora maravilhosa: eu, meu filho minhas duas netas!
Zilda Suzuki

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